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Denúncias de corrupção atingem 10 das 12 arenas da Copa

Deflagrada nesta segunda-feira 26, a Operação Cartão Vermelho investiga o desvio de 450 milhões de reais na reconstrução da Arena Fonte Nova, sede baiana da Copa do Mundo de 2014. A Polícia Federal realizou uma busca e apreensão na casa do ex-governador da Bahia e ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner, do PT, principal alvo das investigações.

Com um custo de mais de 8 bilhões de reais aos cofres públicos, os estádios da Copa do Mundo de 2014 têm chamado menos a atenção pelas partidas de futebol e mais pelos jogos de interesses entre políticos e empreiteiras. Das 12 arenas erguidas ou reformadas para o Mundial, 10 delas estão envolvidas em investigações de corrupção no País.

Os dois únicos estádios que escapam das denúncias, ao menos por ora, são o Beira-Rio e a Arena da Baixada. Ambos são estádios privados, administrados pelo Internacional e o Atlético Paranaense, respectivamente. Embora também seja privada, a Arena Corinthians foi citada em delações da Odebrecht. Todos os estádios públicos são alvos de alguma investigação.

Conheça abaixo as principais denúncias e delações relacionadas às arenas da Copa.

 

Fonte Nova – Salvador

Alvo da investigação mais recente da PF, a reforma da Fonte Nova, realizada durante a gestão de Wagner, custou 689,3 milhões de reais, um valor que supera em quase 100 milhões o orçamento original.

Um inquérito da PF identificou fraude em licitação, superfaturamento, desvio de verbas públicas, corrupção e lavagem de dinheiro. O superfaturamento em valores corridos em laudo pericial teria apontado a soma de 450 milhões de reais na obra de demolição do estádio, sendo que parte desse montante teria sido usado para o financiamento de campanhas eleitorais.

A delegada da PF responsável pelas investigações afirma que o ex-governador recebeu “boa parte” do valor desviado do superfaturamento do estádio Arena Fonte Nova, em Salvador. O petista teria recebido 82 milhões de reais em propina e caixa 2, segundo a investigação. O ex-governador nega que tenha recebido a quantia e chamou as acusações de “infundadas”.

Assim como diversas arenas da Copa, a Fonte Nova não tem tido bons resultados econômicos. A média de ocupação é inferior a 40%.

 

Maracanã – Rio de Janeiro

Em novembro de 2016, Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, foi preso por acusação de liderar uma quadrilha de desvios de recursos públicos no estado. Entre as obras alvos de desvio estariam a reforma do Maracanã para receber a Copa do Mundo.

No ano passado, o empresário Fernando Cavendish, ex-dono da Delta, afirmou que pagou uma propina de 5% a Cabral para participar do consórcio liderado pela Odebrecht. Segundo o empresário, o anel avaliado em 840 mil reais dado a Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador, foi a primeira parcela de propinas relativas às obras no estádio.

Redesenhado e enxugado para a Copa de 2014 e as Olimpíadas, ao custo de 1,2 bilhão de reais, o Maracanã não tem recebido partidas de futebol recentemente. Responsável majoritária pelo consórcio, a Odebrecht pretende se livrar do negócio, mas um edital para repassar a arena a outro grupo ainda não foi definido. Recentemente, Flamengo e Fluminense disputaram uma partida pelo campeonato carioca na Arena Pantanal, em Cuiabá.]

 

Arena Corinthians – São Paulo

A Lava Jato também investiga a construção da Arena Corinthians, palco paulistano da Copa. Segundo Emílio Odebrecht, patriarca da empreiteira, o estádio foi um “presente” ao ex-presidente Lula, torcedor fanático do Corinthians.

Conhecida como Itaquerão, a arena custou 1,2 bilhão de reais, quase 50% acima da estimativa inicial do projeto, de 820 milhões de reais. A obra foi financiada por recursos do BNDES de 400 milhões, títulos autorizados pela Prefeitura de São Paulo no valor de 420 milhões e empréstimos em bancos privados.

Em 15 de fevereiro, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul condenou o Corinthians, a Odebrecht, a Arena Itaquera e o presidente da Caixa Econômica Federal à época da assinatura do contrato a devolverem os 400 milhões de empréstimo do BNDES.

A juíza federal Maria Isabel Pezzi Klein concluiu que a transferência de recursos foi ofensiva aos princípios, valores e regras elementares do direito público, causando prejuízos decorrentes do mau uso de recursos públicos federais.

 

Mané Garrincha – Distrito Federal

Em maio de 2017, o ex-governador petista Agnelo Queiroz foi preso junto com o ex-governador José Roberto Arruda e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli. Eles são alvos de uma operação que investiga a reforma do estádio Nacional Mané Garrincha.

Segundo o ex-executivo Rodrigo Leite Vieira, um dos delatores da Andrade Gutierrez, empreiteira responsável pela obra, Agnelo chegou a receber parte da propina pelo esquema no canteiro de obras do estádio. Além disso, a Polícia Federal encontrou supostas “tabelas de propina” durante a operação que deteve Agnelo, Filippelli, Arruda e mais sete prováveis beneficiários.

De acordo com o Tribunal de Contas do Distrito Federal, o estádio teve superfaturamento de 106 milhões de reais apenas em relação aos materiais de construção. As obras do estádio superaram o valor de 1,5 bilhão de reais, segundo a PF.

 

Mineirão

A delação da JBS não atingiu apenas Michel Temer e sua tropa, mas também o Mineirão, palco da Copa no estado, e o governador Fernando Pimentel, do PT. De acordo com a colaboração dos executivos da empresa, o estádio foi usado para o pagamento de propina no valor de 30 milhões de reais a Pimentel.

Joesley Batista disse que em 2014 foi orientado pelo próprio Pimentel a comprar 3% de participação da empresa que tem a concessão do estádio por esta quantia. O delator afirmou que recebeu o pedido de Edinho Silva, ex-ministro de Dilma Rousseff.

Pimentel afirma que o delator faz uma “acusação leviana e mentirosa” e que não apresenta provas ou evidências materiais, além de negar ter recebido valores da JBS.

 

Arena das Dunas – Rio Grande do Norte

Também em 2017, Rodrigo Janot, então procurador-geral da República, apresentou uma denúncia contra o senador e presidente do DEM José Agripino Maia (RN), em inquérito aberto para investigar  propinas relacionadas a obras da Arena das Dunas, palco potiguar da Copa.

Aberta em 2015, a investigação apura se o senador recebeu propina da OAS para atuar em favor da liberação de recursos do BNDES para a construção do estádio. Relatório da PF sobre o caso aponta que a empreiteira pagou 2 milhões de reais a Agripino Maia.

Segundo o senador, ele não teria influência política para garantir a liberação. “Tenho certeza de que as investigações vão terminar pela conclusão óbvia: que força teria eu, líder de oposição na época, para liberar dinheiro do BNDES, cidadela impenetrável do PT?”.

Ao custo de 423 milhões de reais, o estádio também acumula prejuízos nos últimos anos. Em 2016, a arena já acumulava um déficit de 35 milhões de reais desde sua inauguração.

 

Arena Pernambuco

Em 2015, a PF deflagrou a Operação Fair Play para apurar irregularidades na construção da Arena Pernambuco. Estimada em quase 800 milhões, a obra é investigada por superfaturamento de mais de 40 milhões de reais.

Segundo um delator, a Odebrecht foi procurada para fazer o projeto do estádio um ano antes de sair a licitação. Quando o edital saiu, as concorrentes tiveram apenas 45 dias para elaborar uma proposta.

No ano passado, o ex-funcionário da Odebrecht João Pacífico também delatou o esquema de fraudes na licitação da arena. O Tribunal de Contas do Estado apura o caso em quatro processos distintos e pode apresentar um relatório final em breve.

 

Arena Pantanal – Mato Grosso

No ano passado, Silval Barbosa, ex-governador de Mato Grosso pelo PMDB, afirmou que a construtora Mendes Júnior, responsável pela obra da Arena Pantanal, pagou 3% de propina pelo contrato ao governo.

A Mendes Júnior venceu a licitação para a construção do estádio em 2010. A obra foi inicialmente orçada em 342 milhões de reais, mas aditivos levaram seus custos a superar 500 milhões de reais.

 

Arena Amazônia – Amazonas

Outro estádio citado nas delações da Odebrecht, a Arena Manaus também teria sido superfaturada, dizem os colaboradores. Inicialmente, o estádio estava orçado em 499 milhões de reais e foi concluído por 669,5 milhões. Em 2012, o Tribunal de Contas da União apontou superfaturamento de 86,5 milhões.

Nos últimos quatros anos, o estádio teve um prejuízo acumulado de 20 milhões de reais. A falta de jogos na arena levou um desembargador a sugerir no ano passado sua utilização para triagem de presos em meio à rebelião que resultou em 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim.

 

Arena Castelão – Ceará

Outro estádio atingido pelas delações da Odebrecht, a Arena Castelão, no Ceará, também foi superfaturada, segundo os colaboradores. No ano passado, Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal, mandou  a Procuradoria da República no Ceará apurar “acordo entre empresas do Grupo Odebrecht e Carioca Engenharia” na licitação de obras do estádio.

A investigação se baseia na delação de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-executivo da Odebrecht. O caso foi enviado ao Ceará porque, segundo o ministro Edson Fachin, não há envolvimento de autoridade com foro privilegiado.

 

Fonte: Carta Capital

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