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“A participação da categoria é o que fará a diferença”

Esta semana conversamos com o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e de Sergipe e membro do Comando Nacional dos Bancários, Hermelino Neto, sobre as negociações com a Fenaban.

 

Como está a negociação com a Fenaban neste primeiro ano após a reforma trabalhista?

Nas negociações, após este primeiro ano de reforma trabalhista, em sua primeira rodada, os representantes dos banqueiros vieram com uma postura muito ameaçadora. Nós não tínhamos visto esta postura, por parte da Fenaban, em outras negociações, nos anos anteriores. A postura negativa nos passou uma impressão de intimidação, tentando trazer coisas que não cabem na mesa de negociação, caberiam, sim, numa relação dos bancos com os sindicatos, como ações trabalhistas. Na segunda rodada de negociações, a Fenaban já mudou sua posição. Diferente do que ocorreu no primeiro encontro, quando falamos da assinatura do pré-acordo e não houve avanço, na semana passada, construímos um calendário e firmamos um compromisso de ser empenhado esforço para resolver todas as cláusulas, com a intenção de fechar o acordo até o final de agosto. Caso isso não seja concretizado, estariam garantidas todas as cláusulas até o fechamento do nosso acordo. Não foi um compromisso formalizado em documento, mas firmado verbalmente, na mesa, e esperamos que a Fenaban o cumpra.

Qual a expectativa do Comando Nacional em relação à manutenção dos direitos conquistados?

A reforma trabalhista impôs um duro golpe aos trabalhadores, a possibilidade de acabar a ultratividade, isso foi ruim. Estamos muito preocupados porque a nossa Convenção tem quase 30 anos, fruto de 32 anos de negociações com a Fenaban. Para a gente, é um instrumento extremante importante, um acordo que é referência no Brasil e em outros países inclusive, e esperamos que os banqueiros tenham o compromisso que nós temos com essas negociações. Não cabe retirada de direitos, o que temos hoje é fruto de uma série de discussões, de greve, de esforço coletivo de toda uma categoria, e manter estas cláusulas é extremante importante para nós e para eles também. O sistema que atuamos tem uma lucratividade muito grande, uma rentabilidade muito alta, portanto, para eles, também é importante ter essa segurança. Este instrumento é uma referência e não dá para pegar uma construção dessa proporção e tentar acabar ou enfraquecer. Isso seria uma irresponsabilidade muito grande por parte dos banqueiros. Sabemos também que há outra questão, a questão política. Os banqueiros estão de olho no cenário político e todas as suas movimentações são avaliando candidatos com maior possibilidade de se elegerem. Um terceiro aspecto é ainda recorrente da greve dos caminhoneiros. Eles perceberam que a greve dessa categoria gerou um grande caos no país, por isso é importante que todas as categorias tenham sindicatos fortes, tenham convenções coletivas, tenham canais de negociações. Não queremos caos, por isso os banqueiros não podem nos ameaçar nem destruir nossas conquistas, lutamos para manter e ampliar nossos direitos.

Nas mesas de negociações específicas por banco a dificuldade tem sido as mesmas?

Quais avanços já foram obtidos? No Banco do Brasil, isso aparece com um desenho melhor, em relação a esse processo de negociação. O fato do banco se comprometer em abranger toda a categoria com um acordo, inclusive aqueles chamados hipersuficentes – aqueles trabalhadores de nível superior, com benefícios duas vezes o teto do INSS e que são retirados, pela reforma trabalhista, das negociações e acordos coletivos. A renovação das cláusulas de benefícios sinalizada pelo BB também é bem positiva. Tem uma outra questão no Banco do Brasil e em todos os bancos públicos: planos de saúde. No caso do Banco do Brasil, queremos uma CASSI forte e queremos que o banco assuma esse compromisso também. Este ano, na mesa de negociação, os temas Saúde e Plano de Saúde devem ganhar prioridade. Os bancos públicos vêm tentando, de certa forma, criar uma situação muito ruim em relação aos planos de saúde, tentando fazer economia, repassando para os trabalhadores o ônus. Na Caixa, temas como o Saúde Caixa e a Caixa 100% pública são destaques. São assuntos que estão em sintonia tanto com os trabalhadores da ativa quanto os aposentados. No BNB, tinha uma reunião marcada para o dia 12, mas foi cancelada devido à reunião com a Fenaban, e a CAMED, o plano de saúde do banco, será discutida por meio de videoconferência. Assim como BB e CEF, precisamos ficar atentos à situação do Banco do Nordeste, já que há uma intenção do governo em enfraquecer os setores públicos. O BNB, por ser um banco com uma atuação mais regional, se torna um alvo mais visado. Voltando à Caixa, o Dia de Luta em Defesa dos Planos de Saúde ficou definido para o dia 25 de julho. Uma data para mobilizar a categoria e conscientizar, também, toda a população.

A Fenaban informou que apresentará sua proposta global no dia de 1º de agosto. Como a categoria deve se preparar para reforçar o enfrentamento em caso de uma proposição rebaixada?

A Fenaban se comprometeu, seguindo o calendário, fechar esse ciclo de mesas no dia 1º. Como vamos tratar de questões econômicas nesta última reunião, esperamos que já seja apresentado um índice, mas não sabemos se isso será concretizado, se a Fenaban tem a intenção de concretizar este acordo até o mês de setembro. Diante dos primeiros diálogos, queremos dizer que, diferente das outras campanhas, em que muitos trabalhadores transferiram todo o papel de construção aos sindicatos, vai ser indispensável a participação de toda a categoria nas assembleias, nas negociações, nos dias de luta. O sucesso desta campanha salarial passa pela orientação do Comando, junto aos seus sindicatos e federações, e, principalmente, junto aos trabalhadores. A CCT pertence a toda a categoria e todos devem ter clareza sobre isso. Não dá para ir para uma batalha como essa com trabalhadores desmobilizados. A participação da categoria é o que fará a diferença.

 

As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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