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Romper com o governo para voltar a ter protagonismo

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Conversamos com o membro da Secretaria Executiva Estadual da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas), Josias Porto, sobre a relação dos movimentos sindicais e o governo, além dos problemas atuais da classe trabalhadora. Confira.

Como a CSP Conlutas se posiciona diante do ajuste fiscal e das medidas do governo federal?
A forma como os movimentos sindicais e sociais devem se portar frente ao conjunto de medidas de ajuste fiscal foi um dos principais temas debatidos no Congresso Nacional da CSP-Conlutas. O entendimento da CSP-Conlutas é que existe uma crise mundial, que agora atingiu com mais força o país, e que querem jogar nas costas dos trabalhadores os efeitos da crise. O setor financeiro, mesmo com a crise, segue lucrando bastante. Hoje nem se cogita fazer uma auditoria da dívida pública, que possui uma série de irregularidades e que traria uma economia muito grande para os cofres do país. Nós achamos que é necessário que o conjunto de movimentos sindicais, sociais e estudantis lutem contra os ajustes e por isso a CSP-Conlutas aprovou um manifesto a favor da construção de uma Greve Geral, chamando a CUT, a Força Sindical e a CTB, pois esta é a única forma de barrar os ajustes.

Como o trabalhador pode unir forças contra essas medidas? Nós vivemos um recorde de greve nos país. E essas diversas greves, direta ou indiretamente, têm haver com o ajuste fiscal. Então, hoje há uma necessidade de articulação dessas diversas lutas. Achamos que há uma postura, muitas vezes, por parte da CUT, da CTB, da Força Sindical e outras centrais sindicais de evitar essa articulação para que essas lutas não se fortaleçam e não enfraqueçam os governos. Na verdade, a única forma de enfrentar os ajustes é unificar, fortalecer essas lutas e enfrentar tanto os setores mais conservadores do Congresso e a direta tradicional, quanto o governo. Só assim os trabalhadores não pagarão a conta dessa crise.

A classe trabalhadora está sofrendo também com o desemprego, não é?
Várias das grandes empresas, grandes montadoras do país foram e são beneficiadas com um série de medidas, e o governo não exige em troca um comprometimento para que essas empresas não demitam. Já que é o governo produz medidas provisórias para que os trabalhadores paguem, porque eles não produzem para que os trabalhadores não sejam demitidos na época de crise? É importante debater isso porque este foi um governo eleito para defender os interesses dos trabalhadores, mas está fazendo o contrário

Como o Sr. vê a relação entre os movimentos sindicais e o governo?
Os movimentos sindicais e sociais hoje possuem um grande potencial, tem um grande poder de transformação e mudança da sociedade. Mas, hoje esse poder está contido pela relação que, em especial, a CUT e a CTB têm com o governo, impedindo que o movimento sindical possa cumprir todo potencial que tem de luta e transformação. Hoje o grande chamado que a CSP-Conlutas faz é que os sindicatos que fazem parte da CUT e CTB rompam com o governo para voltar a ter o protagonismo que sempre teve nas lutas do país.

O que você acha do modelo de aposentadoria apoiado pelas demais centrais do país?
O conjunto das reformas na Previdência se sustenta, em minha opinião, em uma grande falácia de que há um rombo na Previdência. A Previdência é superavitária. O que esta acontecendo é que querem, cada vez mais, sugar os recursos da Previdência para pagar a dívida pública e outras finalidades. Isso é outro grande ataque aos trabalhadores. O movimento sindical precisa lutar contra isso. Somos a favor do fim do Fator Previdenciário, para que os trabalhadores possam se aposentar e continuar recebendo integralmente, e somos contra todo esse processo de fatiar a previdência que vêm sendo implementado.

*As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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