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Bancárias são vítimas da desigualdade de oportunidades

O mercado de trabalho sempre foi considerado um desafio para as mulheres, que têm o seu potencial subestimado, enfrentando a desvalorização salarial e a ausência de reconhecimento por suas habilidades.

No setor bancário o cenário não é diferente. Em 2008, quando foi realizado o 1º Censo da Diversidade promovido pela Contraf e Febraban, observou-se que a maioria dos funcionários era do sexo masculino (52%) e se declaravam como brancos (77%). Nesse mesmo ano, constatou-se que 71,2% das bancárias possuíam grau de instrução com ensino superior, e no 2º Censo, realizado em 2014, os dados apontaram que esse índice subiu para 82,5%, enquanto os homens subiram de 64,4% para 76,9%.

No entanto, as mulheres bancárias continuam recebendo uma remuneração inferior à dos homens. Em 2008, o rendimento mensal delas era correspondente a 76,4% do salário deles, e em 2014 houve um aumento inexpressivo para 77,9%. Ao se tratar das mulheres negras, nem mesmo indicadores específicos existem para avaliar a sua condição no setor bancário. O último censo, de 2019, ainda não teve os dados divulgados.

Se tratando de um panorama mais amplo, o preconceito e a discriminação persistem entre as mulheres trabalhadoras de forma geral. Um estudo realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no 4º trimestre de 2019, demonstrou que as mulheres receberam salário menor que o dos homens, mesmo ocupando cargos iguais. A média, por hora trabalhada, é de R$ 40 para os homens, enquanto as mulheres receberam R$ 29. Quando se trata da ascensão na carreira, os obstáculos perduram: entre dez diretores e gerentes, apenas quatro são mulheres.

Além das dificuldades para permanecer no trabalho, com remuneração inferior e múltiplas jornadas extras (atividades domésticas, cuidados com familiares, estudos, etc.), a pesquisa do Dieese apontou que as mulheres gastaram 95% mais tempo em afazeres domésticos que os homens, o que corresponde a uma média de 541 horas a mais, equivalendo a 68 dias trabalhados com carga horária de oito horas.

Por fim, o desemprego também assombra as trabalhadoras. O mesmo estudo apontou que as mulheres representam 13,1% da taxa de desocupação total, enquanto os homens representam 9,2%. Entre essas mulheres, 37% estão à procura de emprego há mais de um ano.

“O 8 de Março se tornou uma data para nos fazer refletir sobre nosso papel na sociedade e o quanto ainda precisamos lutar por igualdade de direitos. A maioria dos cargos gerenciais são ocupados por homens, não por falta de competência nossa, mas pelo machismo que impera no mercado de trabalho. A conjuntura política e econômica nos deixa ainda mais apreensivas, pois não há no atual governo políticas voltadas à mulher. Se o presidente já afirmou que deveríamos ganhar menos, pois engravidamos, ele apenas demonstrou o que pensa a maioria dos empresários. Infelizmente, é uma realidade que vivenciamos diariamente, mas que procuramos mudar quando nos unimos para lutar por melhores condições de trabalho e principalmente, de vida”, afirma Carla Saúde, diretora do SEEB/VCR.

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