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Entrevista com Rodrigo Maia

A greve do BNB chegou ao fim, e mesmo em meio a reivindicações não atendidas, os bancários retornaram aos seus postos de trabalho. Conversamos com o diretor de Assuntos Jurídicos do Sindicato e bancário do BNB, Rodrigo Maia, sobre a Campanha Salarial e quais são os próximos passos a serem dados.

Como foi o processo de construção da Campanha Salarial no BNB? Participei do Congresso Estadual dos Bancos Públicos, onde, infelizmente, as discussões ficaram apenas na campanha eleitoral da atual candidata à reeleição. Porém, fiquei muito satisfeito com a reunião específica do BNB, pois foi gerada uma minuta que, com certeza, contemplava os interesses da base. Entretanto, quando levamos para defendê-la no Congresso Nacional do BNB, conforme já denunciamos em uma edição especial, várias questões não foram inseridas ou modificadas negativamente, por conta da maioria controlada pela “Articulação Bancária” da CONTRAF.

Qual a importância da sua participação na mesa específica como membro da Comissão de Negociação do BNB? É uma responsabilidade muito grande, pois não fui apenas representando nossa base, mas a Federação Bahia/Sergipe. O primeiro ponto importante foi a gente entender como de fato acontecem as negociações com o banco. Experimentei utilizar o aplicativo Whatsapp para me comunicar em tempo real com vários colegas da base e também de colegas de outras bases, inclusive de estados estratégicos como Ceará. Quem participou da última assembleia, teve a oportunidade de entender cada detalhe da proposta e dos caminhos tortuosos das campanhas salariais, percebendo que há muitos problemas dentro da própria organização dos trabalhadores que estão contribuindo para os resultados tímidos destes movimentos.

Como você avalia o movimento grevista de 2014 e qual a motivação para os bancários do BNB se manterem na luta, mesmo com o fim da greve nos bancos privados, BB e CEF? Fomos capazes de mobilizar um grande número de funcionários de várias bases, inclusive do Ceará e Pernambuco, que rejeitaram a orientação do comando, rejeitando o roteiro da greve teatral, iniciando uma greve de verdade, a partir do dia 06 de outubro, representando a real insatisfação da categoria. O Banco não gostou nem um pouco de ver uma greve fora do roteiro. O BNB não apresentou nenhuma proposta que contemplasse a minuta específica gerada no Congresso Nacional, exceto quanto à indenização por acidente decorrente de assalto (parece piada). E também porque os funcionários não estão se sentindo bem representados no geral, rejeitando a orientação do Comando Nacional. Porém, vimos que todas as bases seguiram, mesmo que sem saber, as nossas orientações, demonstrando que, de fato, estamos na mesma sintonia.

Foi um movimento que sofreu bastante pressão e coação por parte do banco, como você avalia a greve específica do BNB? A greve sempre foi tranquila no atual Governo porque nos acostumamos a seguir um roteiro da greve teatral, em que sobem no palco o banco e um Comando Nacional, ambos controlados pelo mesmo partido político. No instante que ambos perderam o controle de seus representados, o BNB se enfureceu e iniciou uma série de práticas antissindicais, que deixou vários funcionários em estado de pânico, a começar pelo e-mail ameaçador logo após a rejeição, indicando até a possibilidade de dissídio coletivo, depois com a colheita de assinatura para forçar nova assembleia no Ceará para acabar com a greve (na lista de assinaturas é notório que foi iniciada pelos detentores dos grandes cargos), e, por fim, com a ameaça que iria cortar nosso salário.

Qual a postura do Sindicato diante das ameaças de retaliações aos bancários? Mesmo antes destas práticas, o BNB já tinha recebido um ofício com recomendações do Ministério Público do Trabalho, provocado pelo Sindicato. Em relação ao primeiro e-mail, o SEEB/VCR já protocolou a denúncia no MPT, e em relação ao segundo, iremos mover ação para impedir o desconto do salário e PLR, cumulativamente com o pedido de indenização por danos morais coletivos pela prática antissindical.

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