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Fatiar para privatizar

Para pôr em prática o projeto econômico anunciado em sua campanha, o presidente eleito Jair Bolsonaro, está recrutando, através do seu guru e futuro ministro da Economia Paulo Guedes, um verdadeiro exército de liberais.

Os nomes já anunciados para as presidências do BB, CEF, Banco Central, BNDES e Petrobras compõem a equipe econômica mais homogeneamente liberal já montada no país, superando o governo FHC e a ditadura militar.

Confirmado para conduzir a Secretaria Geral de Desestatização e Desimobilização, Salim Mattar, dono da Localiza, será responsável pelos projetos de desestatização e desinvestimentos do Governo Federal em empresas públicas, incluindo a venda de participações e enxugamento do quadro de funcionários.

Para comandar a Petrobras, que faz parte de um dos setores mais estratégicos da economia brasileira, foi indicado o nome de Roberto Castello Branco. O economista é conhecido por defender amplamente a privatização, inclusive da própria Petrobras, como fez durante a greve dos caminhoneiros.

Indicado à presidência da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, foi executivo dos bancos Banco Bozano Simonsen e BTG Pactual, e é sócio do banco Brasil Plural, que tem forte atuação nos setores imobiliário e de petróleo e gás. Guimarães é visto como especialista em processos de privatizações, tendo acompanhado a venda do Banespa ao Santander, em 2000. Segundo a Folha de São Paulo, o banqueiro deverá comandar a venda da área de cartões de crédito e de seguros.

As entidades representativas dos empregados da Caixa já denunciam que Brasil Plural é o principal credor no processo de recuperação judicial da empresa Ecovix, na qual Caixa e Banco do Brasil também são credores, o que gera incompatibilidade por conflito de interesses. Outro impedimento contra Guimarães é a suspeita de envolvimento na supervalorização artificial registrada pelo FIP Florestal, fundo do qual a Brasil Plural é gestora. A operação causou prejuízos à Funcef e Petros, e está sob investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal pela Operação Greenfield.

O lançamento do Programa de Desligamento de Empregado (PDE) da Caixa e a tentativa de venda da Lotex, demonstra que o objetivo de entregar o patrimônio público já é uma realidade.

Já o provável presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, foi diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Novaes é defensor das privatizações e deve promover a venda do braço de investimento da instituição. Em entrevista ao Valor Econômico ele afirmou que a “orientação é eficiência, enxugamento e privatização no que for possível”.

Mesmo com a recorrente alta nos lucros da Caixa e do Banco do Brasil – somente no acumulado do 3º trimestre de 2018 a CEF produziu R$ 11,5 bi e o BB, R$ 9,059 bi – a luta contra a privatização dessas instituições e pela preservação do emprego continuam sendo uma das principais pautas dos bancários.
“As estatais viabilizam grandes investimentos de longo prazo que não interessam ao capital privado, por não oferecerem retorno financeiro considerado satisfatório por empresas que visam exclusivamente o lucro. A venda em fatias é uma tática de privatização, onde se entrega as partes lucrativas das estatais sem despertar atenção da sociedade. Por isso, nós bancários precisamos defender nossas empresas públicas que oferecem serviços vitais para o desenvolvimento, o bem estar da população e para a soberania nacional.”, afirma Larissa Couto, vice-presidente do Sindicato.

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