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Suspeitos de fraude, Lemann e sócios aumentam poder sobre setor elétrico com privatizações

A semana começou com uma boa notícia para o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, suspeitos de maquiar as contas das Lojas Americanas para enganar investidores. Na segunda-feira (14), a Companhia Paranaense de Energia (Copel) foi privatizada pelo governo estadual. Os três aumentaram sua participação na ex-estatal e, agora, têm mais de 5% da empresa.

A nova participação foi informada pela própria Copel, em comunicado ao mercado. Regras que regem a transparência de empresas com ações negociadas em bolsas de valores obrigam as companhias a divulgarem quem são seus maiores acionistas. Lemann e seus sócios, três dos homens mais ricos do país, estão entre eles.

Os três investidores têm ganhado poder no mercado de energia brasileiro durante a mais recente leva de privatizações do setor.

No ano passado, o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) privatizou a Eletrobras, maior elétrica da América Latina. Lemann e seus sócios, que já eram acionistas da companhia, não reforçaram a participação nesta ex-estatal. Curiosamente, apesar de deterem só 1,3% da empresa, mantiveram ligações diretas com seus novos gestores.

Um dos conselheiros da Eletrobras, Pedro Batista, é sócio da 3G Radar e 3G Capital, empresas historicamente ligadas aos três bilionários. Elvira Presta, hoje vice-presidente financeira e de relações com investidores da Eletrobras, também já trabalhou na 3G.

O executivo Wilson Ferreira Júnior, que presidiu a Eletrobras até segunda-feira (14), também tem seu nome, nos bastidores, ligados aos sócios do 3G. Ele já havia presidido a Eletrobras durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), que desenhou a privatização da companhia. Depois, trabalhou na empresa Vibra Energia, novo nome da BR Distribuidora, vendida pela Petrobras em 2019.

Também nos bastidores, especula-se que Lemann e seus sócios tenham participação societária relevante na Equatorial Energia, outra empresa privada que vem ganhando espaço no mercado nacional. Informações públicas divulgadas pela Equatorial sobre seus principais acionistas não citam os bilionários.

“Eles estão indo para cima para todos os tipos de privatizações fáceis e baratas”, afirmou Fabíola Antezana, diretora do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (STIU-DF) e integrante do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE).

Para ele, os trio de bilionários também está interessado na compra do controle da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), cuja venda é prometida pelo governador mineiro Romeu Zema (Novo), e até da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), cuja venda é um projeto de Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Suspeitas no governo

Em junho, uma reportagem publicada pela Folha de S. Paulo informou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia criado um grupo de trabalho informal para apurar qual o real poder de Lemann e seus sócios sobre a Eletrobras e outras empresas.

Segundo a reportagem, o grupo possui três membros e trabalha sob a supervisão de um importante assessor do presidente Lula. Tem o intuito de mostrar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a relevância desproporcional dos bilionários sobre os rumos da companhia.

O governo questiona no Supremo um aspecto da privatização da Eletrobras que reduz o poder de voto da União na empresa a 10% – bem abaixo da atual participação societária federal, que é de 43%. A ação não foi julgada.

Na quarta-feira (16), o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), declarou que o apagão que deixou 25 estados sem energia na terça-feira começou com uma falha numa linha de transmissão controlada pela Eletrobras. Eletricitários reclamam que, desde de que a empresa teve seu controle vendido, ela tem feito demissões em massa e aumentado o risco de panes em suas linhas, que correspondem a 45% do total de transmissão de energia do país.

Caso Americanas

A empresa Americanas já admitiu que sua contabilidade foi fraudada para que ela apresentasse lucros mais altos do que realmente obtinha. Segundo a própria empresa, as fraudes contábeis podem envolver R$ 45 bilhões.

De acordo com a Americanas, seus antigos diretores são os responsáveis pela manipulação, que ocorreu durante anos. A empresa, porém, não mencionou seus acionistas.

A Americanas pertence, desde 1983, majoritariamente a Lemann, Telles e Sicupira. Eles mantiveram pessoas de sua confiança no conselho de administração da empresa – instância máxima da gestão e que, em tese, supervisiona o trabalho de diretores. O próprio Sicupira presidiu o órgão. Sua filha, Cecília Sicupira Giusti, além de Paulo Alberto Lemann, filho de Jorge Paulo Lemann, também integrou o grupo.

Por conta dessas relações, eles passaram a ser vistos como responsáveis pelas fraudes.

O Brasil de Fato não conseguiu contato com os bilionários.

Fonte: Brasil de Fato.

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