Home / Mundo do trabalho / Impasse em negociações de acordo coletivo leva funcionários do BNDES ao TST

Impasse em negociações de acordo coletivo leva funcionários do BNDES ao TST

Para associação, proposta do banco corta direitos e limita possibilidades de mobilização

Fundado em 1952, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é um banco de desenvolvimento e instrumento do Governo Federal para o financiamento de longo prazo e investimento em todos os segmentos da economia brasileira Lucas Tavares/Folhapress/Lucas Tavares/Folhapress

 

Funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) decidiram ir ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) protestar contra a evolução das negociações de acordo coletivo da categoria, que já se estendeu para além do prazo previsto.

A AFBNDES, associação que representa a maior parte dos empregados, reclama que a proposta do banco retira direitos dos trabalhadores e acusa a direção atual de perseguição, ao tentar retirar a entidade da mesa de negociação e reduzir espaço para mobilizações.

As negociações no BNDES seguem, assim, padrão já visto em outras estatais durante o governo Jair Bolsonaro. Em 2019, empregados da Petrobras só chegaram a acordo com a empresa após mediação do TST. Nos Correios, que estão atualmente em greve, houve paralisação também em 2019.

No BNDES, a manifestação dos funcionários ao TST pede que o último acordo coletivo, que venceu nesta segunda (31) seja estendido enquanto durarem as negociações. A AFBNDES argumenta que o banco demorou a iniciar as conversas e só apresentou proposta no domingo (30), sem prazo suficiente para análise.​

Não há divergências com relação às cláusulas econômicas do acordo, que seguirão as de bancos privados, que prevê reajuste de 1,5% em 2020 e promessa de ganho real em 2021. A associação reclama, principalmente, de perseguição e de uma cláusula que permite demissões por justa causa sem ampla defesa.

Segundo Koblitz, a direção do banco havia decidido negociar apenas com a Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), mas recuou após assembleia em que os funcionários votaram por continuar sendo representados pela associação.

​”Alegaram que no nosso convívio falta cortesia e urbanidade”, afirmou o presidente da AFBNDES, Arthur Koblitz. Ele diz que a proposta apresentada pelo banco “tenta sufocar” a entidade, ao acabar com o desconto das mensalidades na folha de pagamento dos funcionários e impedir a realização de reuniões nas dependências do banco.

No caso das demissões, Koblitz defende que o direito à ampla defesa garante autonomia dos funcionários para decisões técnicas. “Um próximo governo pode ser contra a venda de ações [um dos focos da gestão atual] e decidir demitir os funcionários envolvidos no processo”, argumenta.

A possibilidade de demissões sem defesa é alvo de uma ação judicial movida por ex-funcionário do banco que foi desligado após acusação de vazamento de informações sigilosas. Gustavo Medeiros Soares alega que o documento estava em uma pasta pública e foi compartilhado apenas co colegas do banco.

Segundo Koblitz, no sábado (29), cerca de 2,3 mil dos 2,6 mil funcionários do banco participaram de assembleia rejeitando a primeira proposta para o acordo coletivo, apresentada na sexta (28). No domingo, um novo texto foi entregue, mas não havia tempo hábil para avaliação e aprovação antes do fim da vigência do acordo.

Ele diz que a gestão ameaça cortar o acordo coletivo caso não haja acordo e, por isso, a associação foi ao TST pedir mais prazo para negociações. “O banco apresentou tudo no último dia. Não teve discussão nenhuma, tempo nenhum de analisar”, afirma.

A associação tem protagonizado embates com a gestão de Montezano desde o início do governo Bolsonaro, que assumiu prometendo “abrir a caixa-preta” do banco, acusação que é rechaçada pelos funcionários do BNDES..

Em 2019, a entidade realizou algumas manifestações contra decisões da diretoria, como a demissão de Soares ou a destituição de uma funcionária de carreira que ocupava a superintendência da área Jurídica Operacional por resistência ao modelo de venda de ações, em caso que culminou com a demissão de um diretor.

Procurado, o BNDES não quis comentar o assunto.

 

Fonte: Folha de São Paulo

Veja Mais!

Democracia social possibilita acordos acima da inflação

São evidentes os sinais do cenário positivo para o trabalhador. Um dos resultados da retomada …