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A corrupção que atravessa governos

Preso preventivamente na última sexta-feira, 8, em Salvador, ao ser descoberto escondendo mais de R$ 51 milhões em malas e caixas num apartamento emprestado por um amigo, Geddel Vieira Lima se tornou personagem principal da maior apreensão de dinheiro em espécie feita pela Polícia Federal. O ex-ministro foi conduzido ao Complexo Penitenciário da Papuda após determinação do juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, numa nova fase da Operação Cui Bono, que investiga fraudes em operações de crédito entre a Caixa e empresas entre 2011 e 2013, período que atuou como vice-presidente de pessoa jurídica do banco.
Entretanto, a participação de Geddel em escândalos não é novidade. Em 1983, o baiano foi nomeado diretor do Banco do Estado da Bahia S.A. (Baneb), exercendo o cargo até 1984, quando teve seu nome envolvido em possível irregularidade pública pela primeira vez, ao ser acusado de ter se favorecido com rendimentos acima da média em aplicações bancárias. Em 1990, foi eleito como deputado federal da Bahia, ocupando o cargo por cinco mandatos consecutivos. Logo em sua primeira atuação na Câmara, Geddel foi citado no escândalo “Anões do orçamento”, descoberto em 1993, em que parlamentares manipulavam emendas orçamentárias com a criação de entidades sociais fantasmas ou participação de empreiteiras no desvio de verbas.
Foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, entre 2007 e 2010, vice-presidente de pessoa jurídica da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013, no governo Dilma, e ministro de Governo no Palácio do Planalto na gestão Michel Temer de maio a novembro de 2016, após pedir demissão do cargo devido à polêmica envolvendo a construção de um prédio numa região histórica da capital baiana, no qual ele tinha comprado um apartamento. Geddel foi acusado de pressionar o então ministro da Cultura, Marcelo Calero, responsável pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para que ele interviesse na decisão e liberasse a construção do prédio, apesar do embargo da obra, inadequada para a área.
Sua primeira prisão preventiva só foi decretada em julho deste ano com as investigações da Operação Cui Bono, após tentativa de obstrução de justiça, ao oferecer vantagens indevidas para que Eduardo Cunha e Lúcio Funaro não colaborassem com os investigadores. A mais recente prisão do ex-ministro, até em então preso em regime domiciliar, está baseada em depoimentos de Funaro, que já assumiu ter pago ao menos R$ 20 milhões a Geddel, e no dinheiro e em impressões digitais encontrados no apartamento ligado a ele no último dia 6 deste mês.
Casos como esse evidenciam a necessidade de uma pesquisa prévia de cada eleitor sobre a vida política dos candidatos antes de torná-los responsáveis pelas tomadas de decisão do Brasil. “Os fatos apurados recentemente pela Polícia Federal sobre Geddel são, sem dúvidas, frutos do péssimo caráter e da certeza da impunidade proporcionada por leis benevolentes para com esses políticos corruptos que estão no poder. Precisamos ter responsabilidade ao decidir o futuro do nosso país”, ratifica o diretor do SEEB/VCR Arnaldo Prates.

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