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Entrevista: “O estigma associado ao tratamento ainda é grande”

Entrevistamos o médico psiquiatra, graduado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria, Ciro Novais. O objetivo é alertar os bancários e bancárias sobre os sintomas iniciais que podem indicar a presença de um possível adoecimento mental.

Como a campanha Janeiro Branco pode influenciar ou apoiar as pessoas que buscam ajuda para problemas de saúde mental? Ainda existe preconceito com os portadores de transtornos psiquiátricos. Apesar de observarmos alguma melhora, o estigma associado ao tratamento ainda é grande. Campanhas como o Janeiro Branco, assim como o Setembro Amarelo, ajudam a desmistificar os transtornos psiquiátricos e consequentemente ajudar na redução dos danos à sociedade por procura dos pacientes ao tratamento adequado.

Dar visibilidade aos transtornos mentais ajuda a reduzir o preconceito? Sem dúvida. Já existe comprovação que falar sobre esse tema ajuda na conscientização da necessidade de procurar por tratamento.

Quais sintomas podem servir de alerta para a necessidade de buscar ajuda? Como regra geral, as mudanças de comportamento demostram a necessidade de procurar ajuda. Normalmente, o sofrimento psíquico é de fácil detecção. Porém, o estigma associado ao tratamento ainda inibe muito a procura de ajuda. Daí, a importância de se falar a respeito desse assunto.

Quem está diagnosticado com transtorno de ansiedade ou depressão deve ser afastado do trabalho? Pessoas com transtorno depressivo ou de ansiedade geralmente tem prejuízo na sua funcionalidade. Nem sempre está associado a uma condição do trabalho. Contudo, em alguns casos, impossibilita o trabalho por algum tempo ou permanentemente.

Como a pessoa pode conviver com os sintomas, sendo portadora da depressão ou ansiedade? Em quase todos os casos, o tratamento melhora bastante a qualidade vida. Em casos mais graves o acompanhamento de perto possibilita um alívio significante dos sintomas.

Como as pessoas em volta podem ajudar a pessoa adoecida? Com acolhimento e respeito.

Como deve ser enfrentado o preconceito em relação ao adoecimento mental, tendo em vista que a sociedade estigmatiza essas pessoas, inclusive em tratamento? Falando bastante sobre o tema. Em praticamente todos os grupos sociais temos portadores de transtornos psiquiátricos, falar sobre o tema com mais frequência é apenas tornar corriqueiro o que já devia ser tratado com mais normalidade, como as outras doenças em geral.

Como manter o bem-estar mental e prevenir o adoecimento? Não existe regra, mas, em geral, manter uma rotina saudável, sem exageros e com atividade física regular, ajuda a prevenir as doenças mentais. A informação também ajuda na intervenção precoce evitando quadros mais graves.

As opiniões expressas não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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