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Entrevista: “O setor bancário tem um papel importante neste momento de crise”

Esta semana conversamos com o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Hermelino Meira Neto, sobre a atual conjuntura e as dificuldades diante da pandemia. Confira.

Estamos presenciando um quadro global único, envolvendo impactos sanitários, políticos e econômico. Como o Sr. avalia a crise que estamos enfrentando diante da pandemia do Covid-19?
É preocupante. Apesar do caos, este é um momento para a população mundial refletir sobre o modelo político adotado em seus países. Ficou claro que a política de acumulação de renda, exclusão social e falta de investimentos em setores fundamentais, como saúde, saneamento, entre outros foi preponderantes para o agravamento da pandemia. Esse modelo não consegue dar respostas ao graves problemas sociais e às crises. Precisamos caminhar para um modelo de sociedade onde salvar vidas seja mais importante que a economia.

 

Uma das medidas tomadas em diversos países tem sido o isolamento social. Diante disso, como é possível manter a atividade bancária?
Países que demoraram em adotar o isolamento e da suspensão de atividades econômicas estão pagando um preço muito elevado, com vidas humanas. É complicadíssimo você parar um país todo. Algumas atividades precisam continuar na ativa, como os profissionais da saúde, abastecimento, alimentação, etc. O setor bancário, de certa forma, é uma ponta dessas áreas essenciais, para garantir recursos para a população através de políticas públicas. Mas o oferecimento desse serviço tem que ser ajustado e com segurança para garantir a saúde dos trabalhadores. Nós somos contrários a resolver um problema trazendo outro com a exposição. Por isso, a Federação enviou ofícios ao governador do Estado cobrando providências e exigiu dos bancos ações de prevenção na mesa de negociação.

 

No Brasil, apesar do presidente se demonstrar contrário ao isolamento social, muitos governadores e prefeitos permanecem colocando em prática a medida indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como tem sido mediado junto aos bancos a situação das trabalhadoras e trabalhadores do setor bancário?
Diante da postura irresponsável e inconsequente do presidente da República, coube aos prefeitos, aos governos, aos seguimentos patronais, juntamente com os sindicatos tratar desse tema. No caso dos bancários, nós entregamos aos bancos a nossa pauta e conseguimos alguns avanços. O setor bancário tem um papel importante neste momento de crise e a categoria sabe disso, sabe das suas responsabilidades e está contribuindo.

Foi aprovada renda mínima de R$600 para trabalhadoras/es informais e desempregadas/os. Qual a importância de projeto como esse para reduzir os impactos da recessão que está por vir?
Na verdade este valor só será disponibilizado porque foi feita uma articulação de uma frente ampla dos parlamentares, encabeçada pelos partidos de esquerda. O governo insistia em R$ 200 e não queria aumentar o valor, prova disso é que foram vetados pontos importantes como o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Nós defendemos que neste momento é necessário ampliar a proteção social, o cuidado aos mais frágeis e aos que mais precisam. O papel do movimento sindical é justamente de apresentar saídas para essa crise, o que está sendo feito com muita responsabilidade. Portanto o projeto é fundamental para garantir a sobrevivência de milhões de brasileiros e amenizar impactos na economia. Mas é importante deixar claro que este governo joga contra os trabalhadores. O governo é lento em implementar as medidas necessárias e a sociedade já está cobrando por meio de panelaços e nas redes sociais.

 

Como o Sr. avalia a Medida Provisória 936 e as escolhas econômicas deste governo?
É interessante que a gente aborde a MP 936. Ela demonstra o grau de irresponsabilidade deste governo com os trabalhadores e sindicatos. Essa medida tira o movimento sindical do debate, como já foi feito anteriormente, e é nociva ao trabalhador, pois não garante direitos e não transfere para os patrões as responsabilidades que eles precisariam ter. Defendemos linhas de créditos para os empresários, com juros baixíssimos e prazo amplo de pagamento, mas condicionado a garantia da estabilidade dos funcionários. Dinheiro público tem que servir à classe trabalhadora, mas o compromisso desse governo é com os interesses do grande capital.
Essa medida tira o movimento sindical do debate, como ele tem feito em algumas medidas nesse sentido.

 

Diante desse cenário de incerteza, com a necessidade de colocar na mesma balança o bem estar social e economia interna. Qual a importância dos bancos públicos e o seu fortalecimento?
A melhora da qualidade de vida dos brasileiros só será possível com bancos públicos fortes e com governos comprometidos com o social. Sem governos comprometidos com as pessoas, fica muito difícil sair de uma crise. E nos momentos mais difíceis do país os bancos públicos foram os principais responsáveis pela retomada da economia, do crescimento e do desenvolvimento. Os bancos públicos estão presentes na infraestrutura, projeto de moradia, agricultura familiar, financiamento de pequenos e médios empreendedores. Enfim, o papel do banco público é muito forte para diminuir a desigualdade social. Então fortalecer os bancos públicos é pensar grande, pois eles cumprem um papel extremamente importante para a sociedade brasileira.

 

Como o Sr. avalia a reunião do Comando Nacional com os bancos realizada na última semana? Quais os avanços e dificuldades?
Uma dos principais itens foi a suspensão dos atendimentos nas agências, com a exceção dos casos de extrema necessidade, como aposentados e pensionistas. Outra questão foi a implantação do teletrabalho e agora já temos mais de 250 mil bancários atuando dessa forma. Reivindicamos também o fornecimento dos EPIs à categoria. Conseguimos grandes vitórias como a garantia da estabilidade em dois grandes bancos privados, o Itaú e o Santander, e também o afastamento das pessoas do grupo de risco. Além disso, ficou acordado que a Fanaban investiria em mídia para que a população não fosse às agências. Tivemos esses avanços, mas continuamos cobrando e realizando reuniões diárias para que a Fenaban responsabilidade neste tema. Nosso objetivo é que os bancários possam ter condições dar a sua contribuição, já que fechar por completo o sistema financeiro seria muito complexo e prejudicaria as pessoas menos favorecidas.

As opiniões expressas não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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