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20 de Novembro: Dia da Consciência Negra é feriado nacional e reforça a luta histórica contra o racismo no Brasil

O Brasil celebra, nesta quinta-feira (20), o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, feriado instituído pela Lei nº 14.759/2023, sancionada pelo presidente Lula. A data marca oficialmente a resistência do povo negro e relembra que o racismo estrutural ainda organiza profundamente a sociedade.

O dia 20 de novembro homenageia Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo máximo da luta contra a escravidão. A data foi originalmente criada em 2011, pela Lei nº 12.519, após forte reivindicação do movimento negro organizado, mas só se tornou feriado nacional em 2023.

 

Por que 20 de novembro? A força da resistência

O 20 de novembro foi escolhido por militantes do Movimento Negro Unificado em 1978, durante a retomada das mobilizações sociais no período final da ditadura militar. A data marca o assassinato de Zumbi, em 1695, por bandeirantes chefiados por Domingos Jorge Velho.

Ao elegerem Zumbi como referência, e não o 13 de maio, data da Lei Áurea, o movimento negro destacou que a abolição sem políticas de inclusão produziu apenas uma “liberdade falsa”, que abandonou a população negra à própria sorte. O 20 de novembro, portanto, é símbolo da luta pela memória e resistência dos povos africanos escravizados, pelos direitos da população negra no presente e contra o racismo institucional que persiste no Brasil.

 

Quem foi Zumbi dos Palmares?

Pesquisas históricas indicam que Zumbi nasceu no Quilombo dos Palmares, um dos maiores da América Latina. Apesar de versões idealizadas sobre sua vida, há consenso sobre seu papel como líder militar e político na defesa de Palmares contra invasores, combates que duraram décadas.

Palmares foi um território de autonomia, organização social e liberdade, onde milhares de pessoas fugidas da escravidão construíram novas possibilidades de vida. Por isso, Zumbi se tornou referência para movimentos sociais, para o ensino básico (conforme a Lei 10.639/2003) e para ações antirracistas no país.

 

A permanência das desigualdades

Dados apresentados no fórum pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que a participação de negras e negros no sistema financeiro ainda está longe da representatividade que possuem na população geral (56,1%).

Em 2021, de um total de aproximadamente 450 mil trabalhadores e trabalhadoras bancários, 110 mil se declaravam negros, representando 24,44% da categoria.

Essa representação diminui ainda mais quando observamos os cargos de liderança. Em 2021, pessoas pretas e pardas representavam apenas 20,3% das ocupações de liderança na categoria bancária, enquanto pessoas brancas ocupavam 75,5% desses cargos.

A presença de jovens negros e negras também reflete esse cenário desigual. Em 2021, trabalhadores com até 29 anos representavam apenas 17,8% da categoria bancária. Dentre eles, apenas 31,6% eram negros, com maior concentração na faixa dos 18 aos 24 anos.

No âmbito regional, os dados do formulário de autoidentificação de Raça, Cor, Sexualidade e Religião aplicado pelo Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região revelam que, entre as bancárias e bancários da base territorial, 11,4% se identificam como negros e 38% como pardos — números que reforçam a importância de políticas de inclusão e ações afirmativas no setor.

Além disso, no cotidiano, práticas racistas aparecem em olhares, atitudes de clientes, “brincadeiras”, comentários sobre aparência, e até na vigilância excessiva — marcadores históricos do controle sobre corpos negros.

Por isso, o combate ao racismo é parte essencial da luta sindical.

Por que este dia importa para a categoria bancária?

Porque o ambiente de trabalho só será realmente saudável quando for seguro, igualitário e inclusivo para todas as pessoas.
Isso implica:

  • Combater práticas racistas nas relações de trabalho;
  • Garantir políticas afirmativas nas instituições financeiras;
  • Promover formação continuada sobre relações étnico-raciais;
  • Defender oportunidades justas de crescimento;
  • Valorizar a presença negra nos bancos e no movimento sindical.

O Sindicato reafirma seu compromisso de pautar a questão racial em todas as mesas de negociação, fortalecer coletivos negros e denunciar situações de discriminação.

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