O dia 29 de agosto é uma referência na luta pelo combate à lesbofobia, ao lesbocídio, ao machismo e outras formas de violência. A data representa o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, que – sem deixar de lado a importância da luta geral por igualdade entre os diferentes gêneros sexuais – tem por objetivo destacar preconceitos específicos por sua orientação sexual aos quais este grupo é submetido diariamente em uma sociedade heteronormativa, com o agravamento da discriminação histórica por serem mulheres.
O marco lembra o 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), ocorrido em 29 de agosto de 1996, organizado por Neusa das Dores Pereira, ativista dos direitos humanos e liderança reconhecida no movimento lésbico, trans identitário, feminista e negro. O Seminário discutiu temas como organização coletiva, saúde, visibilidade das mulheres lésbicas e combate à violência e preconceito. Infelizmente, 27 anos depois, a pauta de Neusa e suas companheiras continua mais que atual.
Dados do I LesboCenso Nacional: Mapeamento de Vivências Lésbicas no Brasil¹ mostram que temos um grande trabalho pela frente. O estudo conduzido com 22 mil mulheres lésbicas, apontou informações preocupantes: 78,61% das entrevistadas já sofreu algum tipo de violência por sua orientação sexual, se destacando assédio moral, sexual e violência psicológica como os mais recorrentes, principalmente nos ambientes de convívio íntimo (casa, trabalho ou escola).
A presidente do Conselho Municipal de Diversidade Sexual e de Gênero de Vitória da Conquista, Isadora Oliveira, ressalta a importância de ter uma data nacional para celebrar a existência e consolidar a luta por garantia de direitos. “Enquanto comunidade LGBTQIAPN+ sabemos que há uma invisibilização de algumas dessas siglas. É uma oportunidade para ampliar o diálogo sobre questões específicas da comunidade lésbica, um momento de apoio mútuo, de reconhecimento, sobretudo de afirmação, sendo nossas próprias vozes frente uma sociedade patriarcal e machista onde as mulheres, de um modo geral, sofrem cotidianamente”, considera.
Para Camille Correia, diretora de Gênero do SEEB/VCR faz o alerta para a importância de combater a lesbofobia no ambiente de convivência, principalmente no ambiente de trabalho: “A mulher lésbica é atingida pela violência em vários níveis, seja a homofobia, machismo, transfobia ou o racismo, temos o dever de nos pronunciarmos diante de situações de constrangimento de nossas companheiras. Não há ‘brincadeira inocente’ num contexto de violência contra uma minoria representativa”, conclui.