Os efeitos da crise, que já tinham influenciado as campanhas salariais em 2015, foram sentidos com mais intensidade no passado, quando apenas 18,9% dos acordos analisados pelo Dieese tiveram aumento real (acima da inflação, medida pelo INPC-IBGE). O resultado, equivalente a 2003, foi o pior da série histórica, iniciada em 1996. Foram 36,7% de acordos com índices inferiores à inflação, quase o dobro do ano anterior (19%). Os demais 44,4% foram equivalentes ao INPC.
Com o resultado negativo, a variação média dos reajustes ficou abaixo do índice de inflação: -0,52%. O instituto analisou 714 negociações, na indústria, no comércio e no setor de serviços.
"O quadro das negociações salariais analisado revela o agravamento da situação captada no balanço dos reajustes de 2015", diz o Dieese. Naquele ano, os reajustes acima da inflação foram pouco mais da metade (51%) do total.
Entre 2005 ?e 2014, as negociações com ganho real nunca foram menos do que 70% do total. Com exceção de 005, 2008 e 2009, foram de no mínimo 86%. Em dois anos, 2012 e 2014, superou os 90%. A situação piora em 2015, quando os acordos acima da inflação somaram 50,7%.
O Dieese apurou ainda aumento no número de reajustes salariais parcelados, o que já havia acontecido no ano anterior. Em 2016, 29,6% dos acordos tiveram parcelamento, ante 13,7% em 2015. De 2008 a 2013, a proporção ficava entre 4% e 5% do total.
Entre os setores, o de serviços teve a maior proporção de reajustes abaixo da inflação: 49%. Outros 20,6% ficaram acima do INPC, índice maior que a média geral.
Na indústria, foram 16,9% de acordos com reajuste superior à variação do INPC e 30,6% abaixo, com 52,6% equivalente ao índice usado como referência nas negociações. O comércio teve 21,4% acima e 29,1% abaixo, com praticamente metade (49,6%) iguais ao INPC.