Diferentemente do que a grande mídia tentou retratar e representantes governistas buscaram minimizar, a Greve Geral do dia último dia 28 não se resumiu a um grande incômodo para trabalhadores. Brasileiros e brasileiras paralisaram suas atividades e saíram às ruas com propósito de pressionar o Congresso e o governo Temer contra as retiradas de direitos impostas pela terceirização e pelas reformas trabalhistas e previdenciária que já tramitam no Poder Legislativo.
Desde as primeiras horas do dia, em todos os 26 estados e no Distrito Federal, pôde-se observar rotinas com fluxos reduzidos, piquetes, vias bloqueadas e centenas de categorias de trabalhadores com os braços cruzados em diversos segmentos, como de bancos, transportes, educação, correios, indústrias, portos, além de funcionários públicos. Foram mais de 40 milhões de pessoas aderindo à greve e participando das mobilizações em ao menos 254 cidades, superando os números da greve geral de 1989, a maior registrada até então, quando este número chegou a aproximadamente 35 milhões.
“A população brasileira se uniu para protestar e demonstrar toda sua insatisfação com as manobras e favorecimento exclusivo do capital que a gestão Temer quer nos impor. Não fazemos parte de um movimento de partidos políticos ou só de sindicatos, construímos uma mobilização social, com a adesão da população em todo país. E não vamos parar por aí! A sociedade já se posicionou e não vai fugir do enfrentamento às medidas de retiradas de direitos do atual governo”, afirma Sarah Sodré, diretora de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região.
Repressões violentas
Além da grande adesão social, infelizmente, confrontos entre polícia e manifestantes foram registrados em alguns pontos do país. Em Goiânia, um polícia atingiu com um cassetete a testa do estudante Mateus Ferreira da Silva, provocando-lhe traumatismo cranioencefálico e múltiplas fraturas. No Rio de Janeiro, a violência nos protestos se espalhou por toda a região central. A PM recorreu ao uso de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar manifestantes, e houve reação de alguns com destruição de viaturas, fachadas de bancos e de lojas, além de cerca de 10 ônibus e automóveis incendiados. Em frente à casa de Temer, em São Paulo, à noite, a PM dispersou com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo os manifestantes.