Quando se fala em acidente de trabalho, a primeira referência é feita quanto aos imprevistos decorrentes do exercício laboral, que provocam lesão corporal ou desalinho funcional. Entretanto, os transtornos psiquiátricos, relativos às doenças do trabalho, já superaram as doenças osteomusculares nos afastamentos realizados pela Previdência Social. Transtornos de humor, depressão, síndrome do pânico e estresse pós-traumático e o uso de substâncias psicoativas, como o álcool e as drogas, já são os principais transtornos mentais que causam incapacidade para o trabalho no Brasil.
Apesar da dificuldade em comprovar o papel do ambiente de trabalho na ocorrência de episódios depressivos, os afastamentos por depressão em 2016 afetaram 75,3 mil trabalhadores, significando 37,8% de todas as licenças motivadas por transtornos mentais e comportamentais. Algumas categorias são conhecidas por terem mais afastamentos e aposentadorias ligadas a transtornos dessa natureza, como é o caso dos trabalhadores do mercado financeiro. Os bancários, por exemplo, sofrem diariamente com pressões exacerbadas, assédio moral institucionalizado, metas e avaliação individual de desempenho, o que respalda o crescente registro de adoecimento mental nos bancos.
Além das buscas por lucros às custas da saúde dos próprios funcionários, a reestruturação em bancos públicos e as demissões em massa nos bancos privados têm sido agravantes desta realidade. “Uma instituição fecha 3.245 postos de trabalho em um ano, ainda assim, consegue lucrar R$ 2,28 bilhões neste período. Esse é o exemplo do Santander, mas retrata o que acontece em todos os outros bancos: funcionários sendo explorados para elevar cada vez mais lucros nas agências. São pessoas que adoecem para manter sempre em alta a arrecadação dos banqueiros. Nós, do SEEB/VCR, estamos atentos e nos mantemos disponíveis para atender todos os trabalhadores que sofrem com essas doenças de trabalho” denuncia a diretora de Assuntos de Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador do Sindicato, Giovania Souto.
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