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Funcef mantém silencio sobre investimento na Vale

No dia 11 de agosto, se encerrou o período de conversão de ações preferenciais em ordinárias da Vale, etapa prevista no novo acordo de acionistas da companhia, aprovado em junho. O comunicado da mineradora, emitido uma semana após o encerramento das conversões, informou que a adesão dos preferencialistas superou as expectativas e chegou a 84,4%. Nos canais de comunicação da Funcef, porém, o silêncio sobre o maior ativo de renda variável do fundo de pensão ressoa desde 30 de junho, data da última divulgação sobre o assunto.

No Balanço Anual de 2016, a Funcef aponta que o investimento no FIA Carteira Ativa II (Vale) apresentou rentabilidade de 4,6%, avaliado em R$ 4,7 bilhões, frente ao ano anterior quando o ativo valia R$ 4,495 bilhões. O investimento, que representa cerca de 1/3 da carteira de renda variável da Fundação, recuperou parte de seu valor, embora tenha rendido abaixo da meta atuarial.

Funcef não informa natureza das ações

O que não está claro é se a Funcef possuía ações preferenciais além de sua participação na Litel, empresa por meio da qual os fundos de pensão investem na Vale. Se possuía ações preferenciais, eventualmente adquiridas no mercado, abrem-se três novas perguntas: quanto foi investido nessas ações, como se deu a adesão à conversão prevista no acordo de acionistas e quais foram os ganhos com essa conversão.

A Litel tem 49% das ações da Valepar, acionista controladora que, de acordo com o novo acordo, foi incorporada à Vale S.A. Junto com a Litel, na composição da Valepar, estão a Bradespar (21,2%), Mitsui (18,2%) e BNDESPar (11,5%). A Funcef detém 12,8% da Litel, enquanto a Petros tem 7,7%, a Fundação Cesp tem 1,1% e a Previ é majoritária, com 78,4%.

A Vale informou que estuda a possibilidade de realizar uma assembleia geral para aprovar a conversão da totalidade das ações preferenciais remanescentes em ações ordinárias. Aqueles que mantiverem a decisão de não converter terão o direito de retirar-se da companhia pelo respectivo valor patrimonial da ação.

“A Funcef mantém um silêncio estranho sobre a Vale. Outros fundos de pensão dão a máxima transparência à questão, o que não vemos na Fundação. É o nosso maior ativo. A Funcef precisa manter os participantes informados”, afirma a diretora de Saúde e Previdência da Fenae, Fabiana Matheus.

Política de investimento pós acordo da Vale não está clara

No Relatório Anual de Informações (RAI) 2016, a Funcef informa que, com o acordo, a Litel passará a ter 21% das ações ordinárias da Vale e que isso confere maior liquidez ao ativo. “Não significa, é claro, que a Funcef vá vender sua participação na Vale, mas ter esta opção de liquidez é fundamental para uma gestão equilibrada de ativos e passivos dos planos mais maduros, quando o fluxo de recursos de participantes diminui e aumenta o volume de benefícios pagos”, diz o relatório, publicado no início de setembro.

Por um lado, as demonstrações contábeis da Funcef apontam tendência de valorização do investimento na Vale, embora o preço do minério venha oscilando nos últimos meses. Por sua vez, os demais acionistas da Litel poderão começar a se desfazer de suas participações no início de 2018.

Em comunicado feito aos participantes no dia 18 de agosto, a Previ, fundo de pensão do pessoal do Banco do Brasil, afirmou que quando as ações da mineradora forem vendidas será de forma gradual, sempre aproveitando as melhores oportunidades.

A Previ estima que, a partir de fevereiro de 2018, aproximadamente 50% do investimento na Vale estarão livres para negociação em Bolsa de Valores. O restante ainda estará vinculado ao acordo de acionistas até 2020.

“E nos planos da Funcef, qual é a situação desse ativo? Que avaliação a Fundação faz desse investimento e de suas perspectivas para o próximo ano? Aguardamos uma posição clara”, questiona a diretora da Fenae.

Fonte: Fenae

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