As Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) passaram a ter maior visibilidade no Brasil a partir da década de 1990. Durante o governo Collor, com a organização do movimento sindical em torno de estudos sobre os impactos que o trabalho impõe ao corpo e à subjetividade dos trabalhadores, os protocolos do Ministério da Saúde e da Previdência Social passaram a ter uma compreensão mais abrangente sobre esse tipo de adoecimento. Desde o ano 2000, 28 de fevereiro passou a ser considerado como o Dia Internacional de Combate às LER/ DORT.
A data é um marco para a luta contra o processo capitalista de expor os trabalhadores a práticas desumanas, ambientes hostis e diversas formas de pressão por produtividade exagerada, o que interfere negativamente nas saúdes física, psíquica e emocional dos indivíduos. Tais práticas são rotinas no setor bancário e estão diretamente ligadas à ganância pela ampliação dos lucros bilionários, que colocam estas instituições no topo do ranking de atividades lucrativas no país. Enquanto a saúde dos bancários se deteriora, o lucro líquido contábil dos quatro maiores bancos de capital aberto no Brasil totalizou R$ 57,63 bilhões só em 2017, o que representa uma alta de 14,59% em relação a 2016, segundo levantamento da Economatica, com base nos balanços de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander.
Na Bahia, em pesquisa publicada no ano passado pelo Ministério Público do Trabalho, a maioria das CATs emitidas são referentes aos bancos privados, o que torna possível indicar diferentes políticas de gestão de recursos humanos e de emissão deste documento entre instituições bancárias públicas e privadas. O Bradesco se destaca nas aberturas de CATs nas funções de caixa e supervisores. Já o Itaú-Unibanco, se junta a este banco com as maiores frequências para a função de gerente e aparece com os maiores percentuais para a função de técnico de serviços.Com a expansão das plataformas digitais, este cenário de adoecimento tende ser agravado ainda mais. O trabalho bancário tem tornando a rotina de uso de computador cada vez mais intensa. Há também o problema do homeoffice e a não responsabilização dos patrões em garantir um ambiente de trabalho adequado. “A busca de uma maior produtividade e desempenho no trabalho por parte dos empregadores exige que o empregado trabalhe num ritmo cada vez mais acelerado, sem pausas, numa linha de produção que desenvolve atividades simples e repetitivas, sendo este apenas um dos fatores determinantes a que o trabalhador se submete, levando-o ao adoecimento. Os dados estatísticos revelam que a questão dos acidentes de trabalho é um problema social, os quais só serão resolvidos com a introdução de políticas públicas, que valorize a prevenção e a promoção da saúde em todos os ambientes de trabalho”, avalia Larissa Couto, vice-presidente do SEEB/VCR.