Conversamos com a conselheira eleita no Conselho de Administração da Caixa e Fenae, e coordenadora do Comitê em Defesa das Empresas Públicas, Rita Serrano, sobre a defesa das empresas públicas e mobilização da categoria.
Qual a importância da existência de bancos públicos para o sistema financeiro e para a sociedade brasileira? Os bancos públicos tiveram papel fundamental no desenvolvimento do Brasil nos últimos anos. A Caixa detém sozinha quase 70% dos financiamentos habitacionais e, além disso, é a maior operadora dos programas sociais do governo. BB e BNB, juntos, financiam 70% da agricultura. BNDES se destacou como o maior financiador da indústria. Segundo dados levantados pelo Dieese, as empresas públicas, juntas, investiram 56 bilhões em 2016 no país, com destaque para Petrobrás, Eletrobrás e bancos públicos. Ocorre que agora essa situação está sendo alterada pela política do atual governo, que está privatizando e desmantelando o patrimônio público. A consequência é direta, aumento da pobreza, desemprego e dos custos de serviços essenciais para a população como água, luz e gás.
A senhora consegue pontuar quais ataques do governo estão em curso contra os bancos públicos e seus funcionários atualmente? Embora os bancos públicos não estejam na lista de privatização que o governo divulgou – com 173 empresas e ativos, eles estão sendo sucateados aos poucos. De 2015 para cá, já são quase 30 mil empregados a menos, em torno de 750 agências foram fechadas, com destaque para o BB que fechou 700. Houve aumento de juros e tarifas nos mesmos moldes do mercado, cortes no crédito e tudo isso junto com uma política de descapitalização das instituições causada pela recusa do governo em aportar recursos nessas entidades. Os empregados que ficaram, a cada dia, sofrem mais pressão por resultados e ameaças de corte de direitos.
Sobre os planos de assistência à saúde, depois das alterações do governo por resoluções da CGPAR, em quais situações se encontram a Saúde Caixa e a Cassi? O governo soltou duas resoluções através da CGPAR em janeiro, com o objetivo de retirar direitos dos empregados de empresas públicas. As resoluções 22 e 23 da CGPAR, determinam aumento das contribuições dos empregados, restringem dependentes, retiram direitos para os novos concursados e, principalmente, ferem o direito à livre negociação ao proibirem as empresas de negociarem com os empregados cláusulas sobre planos de saúde nos acordos coletivos. No caso da Cassi do BB, o banco já anunciou alterações com esse objetivo e, no Saúde Caixa, o embate se dará na Campanha Nacional. Esta é mais uma medida deste governo golpista que se soma ao desmonte da saúde pública.
Recentemente, uma diretora de planejamento eleita para a Previ (Fundo de Pensão dos Funcionários do Banco do Brasil), Paula Goto, não foi empossada. O que esse impasse representa para a categoria? Já está provado que Temer tomou o poder de assalto, a partir de um golpe e sendo assim não respeita a população e a democracia, essa é mais uma prova do que ele é capaz.
Por que é importante a mobilização dos funcionários dos bancos públicos na Campanha Nacional deste ano? Somente com organização e resistência, os bancários vão conseguir manter os direitos adquiridos. É fundamental erguer a cabeça e enfrentar este momento difícil, com união e lado a lado com os sindicatos e entidades de classe. Também não podemos esquecer que a eleição deste ano é a única esperança que temos no curto prazo para fazer o Brasil voltar para os trilhos da democracia e do crescimento. Eu tenho esperança e penso que todos nós devamos fazer a nossa parte para que isso aconteça, é possível mudar para melhor, vamos em frente.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.