Os Fundos de Investimento em Participação (FIP) têm sido criminalizados, associados a prejuízos e má gestão, distorção muitas vezes alimentada sem embasamento. No entanto, ao contrário do que se pensa, esses ativos, também conhecidos como investimentos estruturados, têm apresentado a maior rentabilidade da carteira da Funcef.
De dezembro de 2017 a setembro de 2018, os FIPs tiveram valorização de 13,54%, quase o dobro dos 7,98% dos ativos de renda fixa, que hoje representam mais de 60% dos ativos investidos. A alocação de recursos em FIPs, apesar dos bons resultados, diminuiu 2 pontos percentuais no período e hoje é de apenas 3,32%.
A linha de crédito oferecida pela Funcef, sob a rubrica de Operações com Participantes, é a segunda aplicação com maior rentabilidade, chegando a 9,97%. Os juros pagos pelos participantes são maiores que os juros pagos pelo governo nos títulos públicos.
“É preciso pensar numa forma de distribuir melhor esses investimentos para que a rentabilidade aumente e seja possível garantir os resultados necessários”, avalia Fabiana Matheus, Diretora de Saúde e Previdência da Fenae.
O que é “curva J”?
Uma das características que levam os FIPs a muitas vezes serem mal compreendidos é o retorno de longo prazo. É muito comum investimentos em hidrelétricas, estradas, aeroportos e outros empreendimentos de infraestrutura levarem alguns anos para dar retorno. A curva de rentabilidade desses FIPs, conhecida como “curva J” se caracteriza por um período de desembolsos, em média de cinco anos, para, em seguida, haver uma rápida ascensão de retorno financeiro, quando se inicia a operação do projeto.
Como a Funcef investe em FIPS
A resolução CMN nº 4661 /18, do Conselho Monetário Nacional, estabelece os limites máximos de alocação de recursos que os fundos de pensão podem fazer em cada tipo de investimento. Para os FIPs o limite é de 15%.
Em 2017, o REG/Replan Saldado foi o plano que mais investiu nos FIPs, com 4,7% de sua carteira de investimentos, seguido pelo Não Saldado (4,3%), REB (4,14%) e Novo Plano (2,77%).
O caso do Novo Plano é contraditório. Com mais de 83 mil participantes, somente 5,6 mil estão aposentados. O desembolso do plano com o pagamento de benefícios é relativamente baixo o que demanda pouca liquidez e permitiria ao planos ter mais recursos alocados em investimentos de mais longo prazo, como os FIPs, que têm a maior rentabilidade entre os demais. Seria a oportunidade de aumentar a capitalização das cotas dos participantes e gerar um benefício mais alto lá na frente. Contudo, o Novo Plano é o que menos investe nesse segmento.
Fonte: Fenae