A greve dos bancários chegou ao fim marcada pela expressiva participação da categoria, que demonstrou sua força ao longo das mobilizações. Em entrevista ao Piquete Bancário, o presidente do SEEB/VCR, Paulo Barrocas, faz um balanço da Campanha Salarial na região.
Como foi feita e qual foi o diferencial da Campanha Salarial da greve de 2014?
Começamos nossa Campanha desde que assumimos a diretoria do Sindicato. Passamos a fazer visitas constantes às agências para ouvir e nos inteirar das demandas e necessidades da nossa categoria. Quando tomamos conhecimento dos problemas enfrentados no dia a dia do bancário, de cada agência e cidade, passamos a atuar exigindo dos bancos a resolução. Assim o bancário começou a perceber que podia contar com a nova diretoria do Sindicato e a confiança foi aumentando a cada dia. Participamos dos encontros estaduais, nacionais e da Conferência Nacional dos Bancários para tirar uma pauta unificada da categoria. A partir disso fizemos reuniões para intensificar a mobilização em todas as 93 agências das 45 cidades da nossa base. Foram muitas viagens, geralmente saíamos às 5 horas da manhã e chegávamos às 8 da noite. Nosso esforço não foi em vão.
Houve, este ano, uma renovação dos militantes bancários e uma participação espontânea durante a greve. A que se deu isso? A que se deve a consciência da importância da participação dos bancários no movimento, tanto nos piquetes, quanto nas assembleias?
Os bancários deram um show de mobilização e participação. A começar pela grande participação dos que ingressaram recentemente na categoria, dando novo ânimo para o movimento, e também para os que já sofrem há algum tempo com a exploração dos bancos. Um exemplo para todos nós foi a participação de Carlos Jehovah, que completou 51 anos como bancário e participou ativamente dos piquetes nas portas dos bancos. A participação espontânea se deve à insatisfação dos bancários com as condições de trabalho e também aos encontros que realizamos para informar e conscientizar a categoria. Procuramos encaminhar nosso movimento de forma clara, sem manipulações, encaminhando nossas demandas e necessidades.
Quais foram os resultados econômicos e políticos da greve?
Apesar de termos conseguido um índice acima da inflação, pela mobilização e o número de agências fechadas já nos primeiros dias da greve, poderíamos ter conseguido muito mais. Considerando o momento político de disputa eleitoral, em que o Governo, que também nomeia as diretorias dos bancos públicos, seria o momento de avançar em nossas conquistas. Fica, no entanto, a força demonstrada pelos bancários, que cada vez mais têm se tornado protagonistas na luta coletiva dos trabalhadores.
Como você avalia a condução da greve pelo Comando Nacional?
Entendemos que o bancário não está satisfeito com os rumos que vem tomando o nosso movimento a nível nacional. Com essa grande participação, a base manda seu recado que não está contente e mostra que é preciso estar conectado com o que está acontecendo nas agências no dia-a-dia dos bancários. A nossa diretoria, mais uma vez, vem reforçar o compromisso feito com a categoria, que é estar livre de interesses individuais, de patrões e partidos. O compromisso que temos é com os trabalhadores.