O fim da violência de gênero é uma das principais pautas do movimento feminista, tanto pela frequência com que este tipo de crime acontece, quanto por suas consequências imediatas e posteriores, seja no âmbito individual ou familiar e social.
Segundo dados divulgados no fim de fevereiro pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), cerca de 27% da população feminina do país já sofreu algum tipo de violência ou agressão. O levantamento aponta que 4,6 milhões de mulheres foram agredidas fisicamente no último ano, o que equivale a 536 casos por hora. Quando se considera outros tipos de violências, são 16 milhões de vítimas, ou 1.830 por hora.
Na imensa maioria dos casos, o criminoso era figura presente na vida da mulher: mais de 76% dos crimes são cometidos por homens próximos, como marido, ex-companheiro, namorado ou, até mesmo, vizinho. Outra pesquisa, o Dossiê Mulher de 2018, revela que 75% das tentativas de feminicídio e 57% das mortes são cometidas por companheiros ou ex-companheiros das vítimas. Em relação ao local, 52% das mortes e 65% das tentativas ocorrem dentro de casa.
Além disso, 47,2% dos femicídios cometidos foram por armas de fogo, o que pode piorar após o governo Bolsonaro publicar o decreto que facilitou a posse desse armamento em janeiro deste ano. Armas brancas foram utilizadas em 9,7% dos casos.
Infelizmente, grande parte das vítimas não consegue se defender formalmente: 52% das mulheres se calaram. Segundo a pesquisa do FBSP, apenas 13% pediram suporte à família, 11% buscaram a delegacia especializada e as demais procuraram ajuda em outros locais.
“Ante ao crescente número de agressões às mulheres, faz-se necessário o aumento de políticas públicas de proteção e amparo às vítimas. Ressalto que o armamento da população não deve diminuir o número de feminicídios. O que precisa ser implementado são leis e punições mais duras para os agressores, além de uma educação que não perpetue a cultura machista que domina a sociedade”, afirma Sarah Sodré, diretora de Assuntos Jurídicos.