Por Giovania Souto, diretora de Assuntos de Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador.
O aumento da participação da mulher no mercado de trabalho é uma conquista fundamental da luta pela emancipação das mulheres na sociedade e resultado da alteração de inúmeros fatores econômicos, sociais e culturais.
Porém, elas têm sua saúde agravada pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com a responsabilidade pelas atividades domésticas, dedicando duas vezes mais tempo que os homens às tarefas da casa, trabalhando, no total, três horas a mais que eles por semana. Além disso, estão inseridas em trabalhos precários e invisíveis, ou profissões relacionadas ao seu papel socialmente atribuído ao cuidado.
Dentre as situações que mais impactam na saúde da mulher e dizem respeito ao ambiente de trabalho, destacam-se a longa jornada; assédio sexual e moral; a tensão e a exposição à produtos químicos; além da pressão social pelo padrão de imagem ideal. Estão inseridas numa sociedade fundada pelo capitalismo patriarcal, que atua simultaneamente em diferentes aspectos da vida das mulheres, impondo cada vez mais a medicalização e a mercantilização dos seus corpos.
Nossa sociedade ainda cultua mitos, fantasias e ideias falsas sobre as possibilidades e potencialidades do trabalho da mulher. Essa mesma sociedade tem colocado as mulheres em situações difíceis, na maioria das vezes em desigualdades de condições fazendo emergir sentimentos de amargura, insatisfação e limitada autoconfiança.
As transformações pelas quais o mundo está passando hoje exigem uma postura crítica. Nesse contexto, o papel dos sindicatos é fundamental para incluir, nas normas coletivas, dispositivos de proteção à saúde da mulher, aos direitos ligados à maternidade (amamentação, licença remunerada), entre outros. Ser respeitada e valorizada como pessoa e trabalhadora é desejo da maioria.