Depois de uma campanha acirrada com promessas de melhorias para o povo brasileiro, a presidente reeleita, Dilma Rousseff, frustra as expectativas dos trabalhadores ao anunciar as primeiras ações e o ministério do seu novo mandato. Distribuídos apenas para agradar os partidos que compõem sua base aliada, os cargos poderiam ter sido perfeitamente nomeados por seu principal adversário eleitoral, Aécio Neves.
Antes mesmo de tomar posse para o seu novo mandato, a presidente já havia voltado atrás em seu compromisso quanto ao fortalecimento dos bancos públicos do Brasil e anunciado uma futura abertura de capital da Caixa Econômica Federal. Em miúdos, o atual banco 100% público integrará o mercado e passará a ter ações negociadas na Bolsa de Valores.
Outro passo atrás afetou diretamente a todos os trabalhadores. A fim de fazer uma economia de R$ 18 bilhões por ano, o governo federal já anunciou medidas que alteram benefícios do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e da Previdência Social a partir de 2015. O abono salarial, o seguro-desemprego, o seguro-desemprego dos pescadores artesanais, a pensão por morte e o auxílio-doença passaram a ter novas formas de concessões, apontando um retrocesso ao recair exclusivamente ao trabalhador o ônus das novas diretrizes econômicas.
A escolha da equipe ministerial também vêm confrontando as propostas apresentadas durante a campanha eleitoral. Entre as indicações mais questionadas, estão Joaquim Levy, o atual ministro da Fazenda e anteriormente diretor do Banco Bradesco, e Kátia Abreu, à frente do Ministério da Agricultura e defensora dos discursos que não há mais latifúndios no país e que os índios passaram a ocupar as áreas de produção.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2015, aprovada pelo Congresso Nacional em 17 de dezembro do mês passado, também recebeu alterações inesperadas, justamente em artigos que ampliariam a transparência dos financiamentos públicos. Outras alterações que pegaram muitos de surpresa foram as novas regras para os processos de seleção do ProUni e para o financiamento estudantil via Fies.
O presidente do SEEB/VCR, Paulo Barrocas, afirma que, diante de tantas contradições, o trabalhador precisa ficar atento e se mobilizar em defesa de seus direitos. “A população não pode se calar, e a classe trabalhadora precisa demonstrar através de ações que não está satisfeita. Será preciso uma grande mobilização para que o cenário não piore ainda mais, indo às ruas, cobrando dos nossos governantes tudo o que eles prometeram durante a campanha eleitoral”, ressalta o presidente.