Por Alex Leite, diretor de comunicação e imprensa do SEEB/VCR.
Em uma semana em que o Presidente da República assumiu publicamente o interesse de conceder privilégios ao seu filho, nomeando-o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, ferindo princípios éticos e morais com a prática do nepotismo, além de ser flagrado orientando seus assessores a discriminar e evitar qualquer liberação de verbas para governadores do Nordeste, tratados pejorativamente como “paraíbas” – gerando uma nota de repúdio assinada pelos representantes dos nove estados da região -, a inauguração do Aeroporto Glauber Rocha em Conquista, com a presença apenas dos convidados do Palácio do Planalto e sem a participação do governador da Bahia, demonstrou o clima de animosidade criado entre as partes.
Enquanto o país estagna economicamente, e sem nenhuma medida efetiva de investimentos para alavancar o crescimento, Bolsonaro apela mais uma vez para os recursos dos trabalhadores acumulados no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, para tentar melhorar a economia. Sem discussão com os trabalhadores e com o empresariado – o anúncio já foi adiado várias vezes – e pelas especulações, será uma pegadinha para a classe trabalhadora, que utilizará um dos poucos recursos que dispõe quando é demitido e já sabendo que na demissão poderá não contar com a multa de 40% do FGTS, que o presidente prometeu acabar.
No entanto, a suspensão da última tabela de frete para o transporte de cargas no país demonstrou que a organização dos caminhoneiros, que admitiu a possibilidade de usar o instrumento da greve para pressionar a mudança nos valores, é capaz de colocar os governantes na defensiva e sem coragem de enfrentar as manifestações que poderiam ocorrer.
Se uma categoria consegue vitórias significativas para garantir os seus interesses, imagine se a classe trabalhadora se unir em torno de objetivos comuns?