Por Alex Leite, diretor de comunicação e imprensa do SEEB/VCR.
Se um “cidadão de bem” dá uma declaração pública afirmando que sabe exatamente como aconteceu um crime e que pode dar detalhes para a família da vítima – que até hoje não encontrou o corpo -, com certeza seria imediatamente convocado à prestar depoimento na polícia para esclarecer os fatos. Esta semana, o presidente Bolsonaro disse, de forma sádica, saber o que aconteceu com pai do presidente da OAB-Brasil, desaparecido durante o regime militar instaurado em 1964.
Ao assumir o conhecimento de um crime e não contribuir oficialmente para o seu esclarecimento, o presidente se torna cúmplice de um possível assassinato, algo que um ”cidadão de bem“ jamais deveria fazer.
Depois de atacar abertamente o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, de preconceituosamente chamar os nordestinos de “paraíbas”; de defender privilégios estatais para seus filhos e usar helicóptero oficial para levar parentes a um casamento na sua família; de defender o fim da regulamentação das leis de trânsito e de continuar querendo acabar com o pagamento da multa de 40% sobre o FGTS do trabalhador demitido, nenhuma notícia sobre o crescimento do nível do emprego ou de recuperação econômica foi divulgada. Enquanto isso, tenta entregar o máximo de empresas estatais para o setor privado, a exemplo da BR Distribuidora, que deixou de pertencer ao Estado brasileiro.
Já faz sete meses que o presidente tem governado como se ainda estivesse em campanha eleitoral, não se importando com as condições em que a maioria da população tem sido obrigada a viver. Afirmar que não existe fome no Brasil é demonstrar total desconhecimento do país que ele governa e um extremo desrespeito àqueles que sofrem diariamente para obter o mínimo de alimento para garantir a própria sobrevivência.
A eleição já acabou e cabe a todos – sejam eleitores ou não do atual governante – a obrigação de cobrar por um país com justiça social e respeito aos cidadãos, que através do pagamento de seus impostos e da sua força de seu trabalho constroem o Brasil.