A união dos trabalhadores da Caixa e do BB norteou os discursos dos dirigentes sindicais e do movimento associativo
A defesa das empresas públicas, a capacidade de resistência dos empregados frente aos cenários adversos e a retirada de direitos dos trabalhadores deram o tom da abertura conjunta do 35º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef) e do 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), nesta quinta-feira. Os congressos estão sendo realizados em paralelo até esta sexta-feira, em São Paulo.
O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, destacou que o 35º Conecef trouxe à memória histórias de resistências. Para Ferreira, o exemplo histórico de atuação conjunta com as entidades sindicais e as forças políticas mostra que é possível fazer o enfrentamento do desmonte do atual governo. “Diante de um objetivo único de defesa da democracia e da soberania do país, é preciso fortalecer a atuação da categoria”, frisou o presidente da Fenae.
Segundo a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), Juvândia Moreira, os dois congressos têm uma ampla representatividade junto aos empregados da Caixa e funcionários do Banco do Brasil. “Os bancários que elegeram vocês esperam que saiamos daqui com um plano de resistência, unidos e fortalecidos, defendendo os interesses dos trabalhadores, mas também tudo que essas instituições representam para o Brasil”.
A defesa da soberania nacional também foi feita pela presidenta Sindicato dos Bancários Osasco e Região, Ivone Silva. “O que eles têm feito no país é impor uma ideologia de que o que presta é o privado e o que é público é ruim”
O coordenador da CEE Caixa e diretor da Fenae, Dionísio Reis, enfatizou a atuação das entidades e dos empregados em defesa da Caixa 100% pública e social. “Temos organizado audiências públicas no Brasil inteiro na defesa dos bancos públicos e precisamos mostrar isso para as pessoas”.
Já Wagner Nascimento, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEE BB), citou como exemplos de ações de desmonte o fechamento de agências, e corte de cargo de funcionários no Banco do Brasil. “É uma reestruturação que meche com a vida das pessoas. Temos que sair com bandeiras e calendários de luta de algumas frentes para esse enfrentamento contra a privatização”, destacou.
Mobilização no Congresso
O presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Bancos Públicos, deputado federal Zé Carlos (PT/MA), disse que o 35º Conecef ocorre num momento estratégico. “Não vivemos uma ameaça tão séria como hoje. O governo diz que não vai privatizar a Caixa, mas está lapidando o banco, vendendo a área de seguros e loterias, fechando agências e não contratando empregados”, destacou.
A deputada Erika Kokay (PT/DF) lembrou que os trabalhadores do Banco do Brasil e da Caixa tiveram coragem para enfrentar momentos de ameaça como o que enfrentam agora. “Nós estamos vendo um governo que abriu mão de ter um projeto de desenvolvimento nacional e de soberania do país, que quer destruir duas instituições centenárias que sempre contribuíram para o desenvolvimento econômico e social do país”, enfatizou.
O representante da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, destacou o processo de desmonte da política habitacional no país, com a redução acentuada de contratações do Minha Casa Minha Vida e a criminalização dos movimentos sociais. “Convidamos todos vocês para participar da jornada nacional que os movimentos sociais vão realizar no dia 7 de outubro para repudiar todo esse desmonte. Podem contar com nossa disposição de luta”.
Forças políticas
Durante a abertura conjunta, representantes das forças políticas que integram o Movimento dos Empregados da Caixa ressaltaram a importância de unidade para fortalecer a luta dos trabalhadores dos bancos públicos e da categoria bancária como um todo.
Para Edson Heemann, representante da Intersindical, a importância de um evento desses é a oportunidade de reunir os dois maiores bancos públicos do país. “A missão que vai ficar é a de voltar ao trabalho e conversar com os nossos colegas dizendo que participamos do 35º Conecef e de tudo que foi debatido aqui. Eu quero ver a Caixa e o Banco do Brasil vivos até muitas gerações para frente. Quero ver essa história de luta registrada”.
“Temos um desafio muito grande, nunca se viu tanto retrocesso em um período tão rápido. Mas seguimos forte na luta. Sempre fomos e continuaremos sendo resistência. Além de definir estratégias de mobilização, sairemos daqui renovados para mobilizar os trabalhadores”, ressaltou a representante da Articulação, Luciana Bagno.
Para Gilmar Aguirre, da CSD, o momento político pede unidade das centrais sindicais e sindicatos em defesa de uma pauta geral da classe trabalhadora. “O movimento sindical está ameaçado e precisamos estar fortalecidos para nossa luta”.
Segundo Carlos Augusto, representante da Unidade Sindical, a conjuntura é de retrocessos, com a retirada de direitos e exploração dos trabalhadores. “A organização da nossa categoria é fundamental para rever esse cenário”.
Homenagem
Durante a cerimônia, delegados e delegadas dos congressos homenagearam o empregado do Banco do Brasil e histórico participante dos congressos do BB, Olivan Faustino, que faleceu nesta quarta-feira (31).
“Agora fazemos uma homenagem a uma pessoa do porte de Olivan Faustino. A única forma de homenageá-lo é seguir na luta. Olivan Faustino presente ontem, hoje e sempre”, disse Emanuel de Souza, representante da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).
Fonte: Fenae