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Editorial: Direita é isso?

Por Alex Leite, diretor de Imprensa e Comunicação.

 

A repercussão gerada pela fala do presidente da República sobre o desaparecimento de um preso político – pai do atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) -, provocou o repúdio de vários setores da sociedade organizada brasileira e levou o STF a questionar, por escrito, a informação revelada. Depois das discussões, Bolsonaro resolveu trocar quatro membros da Comissão da Verdade, instituída para apurar os crimes ocorridos após o golpe militar, que resultou em uma ditadura responsável por assassinatos e desaparecimentos de centenas de opositores ao regime. Para justificar a troca dos nomes da Comissão, o presidente alegou simplesmente que agora o “governo é de direita”, alegação que tem ocorrido para justificar dezenas de posições incoerentes assumidas pelo governante.
A falta de coerência e de sensatez tem deixado atônitos não só os aliados, mas empresários e muitos apoiadores que, durante a campanha eleitoral, estiveram ao lado do atual governo. A demissão do presidente do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE), a fala de Jair Bolsonaro tirando a credibilidade alcançada pelo Instituto mundialmente e os ataques aos pesquisadores brasileiros, também influenciam negativamente no futuro do país.
Será que realmente ser de direita é perder o respeito aos direitos humanos? É burlar a Constituição brasileira e usar do nepotismo para favorecer os filhos, esposas, parentes e amigos com cargos públicos? É privilegiar aos empresários e ao agronegócio liberando venenos proibidos em várias partes do mundo para serem usados na agricultura em nosso país? É liberar o uso de armas e se utilizar da homofobia, do racismo e da discriminação social e política para valorizar padrões morais e religiosos que não representam a maioria do povo do Brasil? É estabelecer políticas que prejudicam os trabalhadores e atacam diretamente sua capacidade de organização e suas instancias representativas? É entregar todas as empresas estatais lucrativas, favorecendo explicitamente o capital privado e impossibilitando o Estado de desenvolver políticas que realmente atendam às necessidades dos brasileiros?
Se ser de direita é realmente isso, chegou a hora avaliar se vale a pena ser de direita.

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