Nesta edição, o presidente eleito para representar a diretoria do SEEB/VCR e a categoria bancária no triênio 2020-2022, Leonardo Viana, falou sobre as perspectivas para o mandato e estratégias de luta na defesa de direitos. Confira.
Como o sr. compreende o papel da entidade sindical na representação da luta pelos direitos dos trabalhadores?
A luta dos trabalhadores só consegue ganhar notoriedade, força e diminuir o desequilíbrio na balança das relações com os empregadores quando existe uma organização sólida de representação e defesa dos seus interesses, seja nas discussões pontuais da categoria, seja nas disputas por produções legislativas que protejam os empregados em geral. Por isso, enxergo os sindicatos como instrumentos fundamentais para organizar os trabalhadores, dar voz aos anseios da categoria a qual representa e somar forças com demais entidades sindicais para disputar conquistas maiores, como a criação de leis que protejam o trabalho, busquem a qualidade de vida dos trabalhadores e tratem de questões ligadas à sociedade de modo geral, como desigualdade social, educação, saúde, distribuição de renda, entre outros.
No cenário nacional, a classe trabalhadora tem enfrentado uma série de ataques, principalmente na área dos Direitos Humanos. Qual a sua avaliação sobre as políticas deste governo?
Ao passo que o governo se diz neoliberal, ele mesmo não consegue enxergar o caráter liberal de muitas das resoluções sobre Direitos Humanos, por isso ataca-os como se fossem um inimigo do Estado capitalista. Este governo elegeu os trabalhadores como seu principal inimigo. Suas políticas objetivam reduzir direitos, fragilizar a legislação trabalhista e enfraquecer as organizações dos trabalhadores, tudo para maximizar o lucro dos empresários e banqueiros e entregar o país ao capital estrangeiro sem que haja resistência dos trabalhadores. Além de tudo isso, não existe um norte para tratar de saúde, educação, qualidade de vida, infraestrutura. É um governo perverso com os trabalhadores e caótico em suas políticas.
De que forma a diretoria pretende enfrentar o cenário de demissões, fechamentos de agências, descomissionamento, transferências compulsórias nos bancos públicos e privados?
Os bancos têm usado a retórica dos serviços digitais para justificar demissões, remoções compulsórias e fechamento de agências. No entanto, quem vai às agências pode observar que existe muita demanda pelos serviços presenciais e este cenário de demissões tem aumentado muito a carga de trabalho das bancárias e bancários. Essa carga, somada com as pressões e cobranças, contribui para os elevados índices de adoecimento da categoria. Para combater essas práticas abusivas precisamos mobilizar a sociedade e o poder público para exigir o cumprimento da lei dos 15 minutos e demonstrar que é preciso manter e/ou ampliar o quadro de trabalhadores das agências. Além disso, é preciso denunciar e combater o assédio dos bancos contra funcionários comissionados que estão sendo coagidos, inclusive com ameaças de descomissionamento dos gerentes que possuem ações contra o banco, para que desistam das suas ações judiciais. Precisamos denunciar também as ameaças de remoções compulsórias de funcionários supostamente excedentes das agências. Sabemos que os bancos estão fechando postos de trabalho e criando excedentes para justificar as remoções. Vamos denunciar a forma como os bancos estão assediando os funcionários para remove-los aos locais distantes das suas residências. Ao invés de remover os funcionários dos locais onde existe a demanda de atendimento e serviços, os bancos precisam realizar concursos (no caso dos públicos) e contratar novos funcionários para alocar nas agências onde há o déficit de trabalhadores.
Em 2020 se encerra o prazo de vigência do Acordo Coletivo firmado em 2018. Quais são as perspectivas da categoria e da diretoria do SEEB/VCR para a Campanha Nacional do próximo ano?
A próxima campanha nacional vai ser um grande desafio para a categoria. Primeiro, porque vamos sentar para negociar com os bancos sabendo que, graças a essa reforma trabalhista nefasta, nosso acordo coletivo tem prazo de validade e não se renova caso não haja acordo com os banqueiros antes do dia 31 de agosto de 2020. Segundo, o governo tem adotado uma postura de não dialogar com as representações dos trabalhadores, isso pode dificultar muito a chegada a um entendimento sobre um acordo coletivo que seja saudável para ambas as partes, porque essa postura adotada pelo governo corre o risco de se estender aos bancos privados. Esperamos que a categoria esteja mobilizada para lutar pela manutenção dos direitos conquistados ao longo dos anos e que, através da nossa luta, a gente possa manter os nossos direitos e ter como retorno um reajuste acima da inflação, já que o lucro crescente apresentado pelos bancos é fruto do trabalho desempenhado pelos bancários. Mas é preciso ter em mente que tudo vai depender da disposição da categoria em lutar pelos nossos direitos e pelo nosso salário.
*As opiniões expressas não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.