O método utilizado para garantir a alta lucratividade no setor bancário é, no mínimo, desumano. Enquanto as relações de trabalho são precarizadas com redução de direitos, fechamento de agências e cortes no quadro de funcionários, as cobranças por metas inatingíveis se intensificam e o resultado não é de se surpreender: a categoria bancária hoje é uma das que mais adoece no Brasil.
Na base do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, de 2018 até o primeiro mês de 2020, foram realizados 156 atendimentos a bancários adoecidos e abertos 147 Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT’s). Esses números revelam o desgaste físico e mental de uma categoria que cotidianamente tem enfrentado as adversidades de um modelo econômico baseado na intensa exploração de trabalhadores e trabalhadoras.
O setor bancário é um dos poucos que continuam lucrando mesmo em um cenário de recessão econômica. O balanço realizado até setembro do ano passado indicou um lucro acumulado de R$ 80 bi entre os cinco maiores bancos do país – Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa. Ainda assim, eles obrigam a categoria bancária a lidar com um cotidiano de sobrecarga de trabalho e instabilidade no emprego, gerada pelas reestruturações e remoções compulsórias. De 2015 até agora, 265 bancários foram demitidos na região do SEEB/VCR.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2019, quase 10 mil postos de trabalho foram extintos no setor. Além disso, outra forma de lucrar foi praticada pelos bancos: 44.963 bancários demitidos durante o ano ganhavam em média R$ 7.138, e os 35.500 admitidos no período foram contratados ganhando R$ 4.564. Ou seja, uma diferença de 36% no pagamento dos salários, montante que engorda ainda mais os cofres dessas instituições.
“A política neoliberal do governo vem priorizando os grandes empresários e o capital, aprofundando a retirada de direitos, desrespeitando o trabalhador e também a população que, enquanto consumidora e usuária dos serviços, é obrigada a passar por enormes filas e se submeter a juros exorbitantes nos bancos”, afirma o diretor Paulo Barrocas.
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