A busca desenfreada das instituições financeiras por majorar os seus lucros há algum tempo expõe os bancários ao adoecimento físico e mental e a situação só tende a se agravar em meio à crise do coronavírus.
Especialistas afirmam que o estado de insegurança causado pela pandemia pode criar ou piorar doenças psíquicas, pois aumenta os níveis de ansiedade e estresse em pessoas saudáveis. A bancária Marielle Pelizer, do BB/Poções, que está afastada por residir com pessoas do grupo de risco relata o estresse causado pela situação. “A gente vê o noticiário e sabe que as pessoas que tem pré-disposição à problemas respiratórios possuem uma resistência menor. Mesmo com a agência adotando o atendimento contingenciado, nós ainda não nos sentimos seguros para trabalhar por ainda existir uma exposição. Ficamos divididos: queremos ajudar a construir o resultado da agência, mas existe a possibilidade de expor a nossa família a um caso de morte. Isso gera uma tensão muito grande”, afirma.
Após cobrança do Comando Nacional e dos sindicatos – como o SEEB/VCR, que se reuniu com representantes regionais e locais para exigir dos gestores uma postura mais firme para evitar danos aos trabalhadores – os bancos adotaram algumas medidas, como a liberação e possibilidade de home office para parte dos funcionários, contingenciamento na entrada, além de disponibilizar máscaras e álcool gel.
Contudo, com o surgimento de casos suspeitos de contaminação, como o de funcionários de uma agência do Bradesco em Feira de Santana, e até mesmo de óbito confirmado, de bancário do BB no Rio de Janeiro, fica claro que as medidas tomadas pelos bancos até agora são ineficazes para a prevenção do adoecimento da categoria, terceirizados e usuários do sistema.
“Mesmo com a contingência da abertura das agências só para serviços essenciais, a maioria dos colegas vive dias de muito estresse no trabalho. As tensões do atendimento ao público se unem ao temor da possibilidade de infecção vinda de fora. Os relatos da existência de casos confirmados de COVID-19 de colegas de outras cidades e, agora, com a confirmação do primeiro caso em nossa cidade, fazem com que as preocupações sejam ampliadas. Uma das grandes preocupações é que possamos levar o vírus para os nossos lares. É necessário que os bancos aumentem as medidas de segurança em relação ao vírus e que a população também se inteire do grande risco que corre ao se aglomerar nas portas dos bancos” afirma Bruno Boaventura, diretor do Sindicato, que segue trabalhando na CEF/Mongoiós.