Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, centenas de pessoas se aglomeraram nas filas da Caixa Econômica Federal nesta segunda-feira (27) em busca do saque do Auxílio Emergencial.
A retirada do benefício de R$ 600 ficou disponível apenas os nascidos nos meses de janeiro e fevereiro, contudo a falta de informação levou um grande número de pessoas às agências. “Vim na esperança de sacar o benefício, mas acabei dando viagem perdida. Acho que ainda falta divulgação sobre o pagamento. Em um momento complicado como esse, a informação deveria estar o tempo todo nas rádios, em carro de som nos bairros, para que ninguém venha aqui sem motivo”, considera Juliana Oliveira, que está desempregada.
As agências da Caixa estão funcionando com cerca de 30% do pessoal, pois muitos bancários foram afastados do serviço presencial por fazer parte do grupo de risco. Contudo, isto só representa um problema porque nos últimos anos a CEF realizou diversos programas de demissão voluntária (PDV), desligando um grande número de trabalhadores sem realizar novas contratações.
Além disso, os poderes públicos em âmbito nacional, estadual e municipal não tem se mobilizado para promover o ordenamento das filas, o que pode estar contribuindo para a disseminação do Covid-19 nesses ambientes. “A gente vê os funcionários pra cima e pra baixo aqui na fila, conversando com as pessoas e dando instrução, mas está faltando organização na fila. As pessoas estão de máscara, mas ficam muito perto uma das outras, conversando, isto gera um risco enorme”, analisa José Alves, trabalhador informal.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, Leonardo Viana, vê com preocupação o não cumprimento do distanciamento social nas filas das agências. “Desde que os governos foram decretando as medidas de distanciamento social para conter essa pandemia que estamos tentando articular com as prefeituras formas de organizar as filas na portas das agências e evitar a propagação do vírus. Porém, os municípios deram pouca ou nenhuma importância para o problema e sequer nos responderam. Isso tem deixado tanto a população quanto os bancários expostos ao risco de contaminação. Mesmo com a omissão do poder público, estamos com uma campanha de informação da população, com veículos de som rodando em várias cidades com mensagens orientando a população para evitar as filas e só ir às agências em casos de extrema necessidade. Também estamos, constantemente, cobrando dos bancos ações que diminuam a exposição da categoria nas agências, além do fornecimento dos equipamentos de proteção. Por fim, essa situação toda evidenciou a necessidade de contratação de mais bancários, pois, nos últimos anos, os bancos vêm cortando postos de trabalho e o atendimento ficou ainda mais precário com o afastamento dos trabalhadores em situação de risco, como é o exemplo da Caixa Econômica, onde os bancários estão se desdobrando para dar conta da grande demanda de pessoas que estão indo às agências em busca de informações”, conclui.