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Quanto vale um deputado estadual na Bahia?

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Por Vinícius Correia Santos*

Ás vezes na vida você encontra pessoas inusitadas que te marcam, conheci um gaúcho em Belém-PA, no ano de 2008, que se chamava Nilton. Ele viajava com a família (esposa mais 03 filhos) pelo Brasil em um veraneio, o objetivo dele era apresentar aos filhos as maravilhas naturais do país que eles moravam, pois Nilton e a esposa moraram mais de 25 anos nos EUA. Nos “states” eles trabalharam em todos tipos de ofícios e juntaram dólares! Voltaram para o Brasil e compraram imóveis no Rio Grande do Sul na qual viviam e financiavam essa viagem do aluguel de tais imóveis.

Tomando uma cerveja Cerpinha (para quem não conhece é uma cerveja Pilsen de ótima qualidade produzida em Belém da marca Cerpa que é exportada para o mundo todo) e contando os “causos” dele em terras baianas em sua viajem até Belém ele me diz: “Existem dois tipos de políticos: o político da Bahia e os do Brasil”. A referência clara de Nilton era a figura de ACM!

Não quero entrar na polêmica sobre se ACM era isso ou aquilo! O que me importa aqui é fazer uma análise das declarações do presidente da Assembléia Legislativa da Bahia (AL-BA) o Sr. Deputado Marcelo Nilo (Sem partido) que saíram no Jornal A Tarde e no site Bahia Notícias no dia 24/11/2015.

Sendo assim, o Sr. Deputado Marcelo Nilo afirmou que cada um dos 63 DEPUTADOS ESTADUAIS DA BAHIA ganhará “uma ambulância, um trator, três poços artesianos e um ônibus escolar” para distribuir entre os seus municípios – como forma de pagamento das emendas parlamentares. “O governador [Rui Costa – PT] já me informou e eu vou falar para os deputados que cada um deles vai ter uma ambulância, um trator, três poços artesianos um ônibus escolar. Já é um avanço” decreta vossa excelência.

Não satisfeito o Dep. Marcelo Nilo ainda afirma: "Já comuniquei ao líder do governo e o líder da oposição. Principalmente ao líder da oposição, a Sandro Régis (DEM), pedindo a relação dos municípios. Então ele vai indicar ambulância o município tal, trator para município tal, poços artesianos para o distrito tal. Claro, se eles colocarem, por exemplo, um poço para Itaparica, Itaparica não tem poço. O governo pede que indique outros municípios, mas será indicado pelos deputados".

Depois dessas declarações eu me fiz à seguinte pergunta: “Quanto vale o voto de um (a) deputado (a) estadual na Bahia para aprovar qualquer projeto encaminhado pelo Governador Rui Costa do PT?”, mas o Sr. Nilo já nos disse: “UMA AMBULÂNCIA, UM TRATOR, TRÊS POÇOS ARTESIANOS E UM ÔNIBUS ESCOLAR”.

Pasmem! Isso mesmo cidadãos da boa terra! Os 63 deputados custam para o Governador Rui Costa (PT) 63 ambulâncias, 63 tratores, 189 poços artesianos e 63 ônibus escolares!

Segundo um amigo meu, pois ele sempre diz que brasileiro faz piada com sua própria sina, me disse em tom irônico: “Na verdade Rui Costa (PT) subiu o preço médio de um deputado, alguns se contentavam com menos!”

Mas na minha modesta opinião o Sr. Governador Rui Costa (PT) através do presidente da AL-BA o Dep. Marcelo Nilo jogou os 63 deputados estaduais na “lama”. Ai eu pergunto ao nobre leitor (a) se isso não é a afirmação de meu amigo gaúcho: “Existem dois tipos de políticos: os políticos da Bahia e os do Brasil”?

Como todos sabem no dia 23/12/2015 os nobres deputados estaduais votaram e aprovaram a proposta de emenda constitucional 148/2015, o PL 21.660/2015 (antigo PL 21.631/2015). A proposta do Sr. Rui Costa (PT) é extinguir a licença sabática, licença prêmio e estabilidade econômica para os servidores que já ingressaram no serviço público, ou seja, um “pacote de maldades” que ataca os direitos históricos dos servidores estaduais baiano.

Dessa forma, votaram nesses ataques, “pacote de maldades”, aos direitos dos servidores 39 votos de deputados a favor e 16 contra. Sendo eles:

Votaram a favor: Aderbal Caldas, Adolfo Menezes, Alan Castro, Alex da Piatã, Alex Lima, Ângela Sousa, Ângelo Coronel, Antônio Henrique Júnior, Bira Corôa, Bobô, Carlos Ubaldino, Eduardo Sales, Euclides Fernandes, Fabiola Mansur, Fabrício Falcão, Fátima Nunes, Gika, Ivana Bastos, Joseildo Ramos, Jurandy Oliveira, Luiz Augusto, Luiza Maia, Manassés, Marcelino Galo, Maria del Carmen, Marquinho Viana, Nelson Leal, Neusa Cadore, Sargento Isidório, Paulo Câmarea, Paulo Rangel, Reinaldo Braga, Robério Oliveira, Roberto Carlos, Rogério Andrade, Rosemberg Pinto, Zé Neto, Zé Raimundo e Zó.

Votaram contra: Adolfo Viana, Alan Sanches, Augusto Castro, Carlos Geilson, Fábio Souto, Herzém Gusmão, Hildécio Meireles, José de Arimatéia, Luciano Simões, Marcell Moraes, Pedro Tavares, Sandro Régis, Sidelvan Nóbrega, Soldado Prisco, Targino Machado e Tom Araújo.

 

Para terminar, eu fiquei com uma tremenda dúvida:

– Esses 39 deputados que votaram no “pacote de maldades” a favor de retiradas de direitos históricos dos trabalhadores públicos da Bahia custaram ao Governador Rui Costa (PT) 39 ambulâncias, 39 tratores, 117 poços artesianos e 39 ônibus escolares?

 

Vinícius Correia Santos é professor de Economia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).

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