O cerco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vinha sendo montado nos últimos meses, chegou nesta sexta-feira 4 ao seu ponto máximo, com a deflagração da 24ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Aletheia, em referência a uma expressão grega que significa "busca da verdade".
Cerca de 200 policiais federais e 30 auditores da Receita Federal cumpriram 44 ordens judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução coercitiva, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. A operação inclui buscas em cinco municípios paulistas: Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri e Atibaia.
Entre os principais alvos da operação estão o Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo, e a casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo (SP). Lula foi alvo de um mandado de condução coercitiva, quando o investigado é obrigado a depor, e foi ouvido pela PF no aeroporto de Congonhas.
A defesa de Lula havia obtido um habeas corpus impedindo que ele fosse alvo de condução coercitiva, mas a decisão valia apenas para o estado de São Paulo. A operação desta sexta foi deflagrada sob as ordens do juiz Sergio Moro, de Curitiba, que centraliza as investigações da Lava Jato que não envolvem figuras com foro privilegiado.
Em nota, o Instituto Lula afirma que a condução coercitiva contra o ex-presidente, bem como a quebra do sigilo bancário e fiscal do instituto e da empresa LILS Palestras, pertencente a Lula, e do próprio ex-presidente, não são justificadas, uma vez que Lula vem colaborando com as investigações e já entregou seus sigilos bancários e fiscal, bem como os de suas empresas, às autoridades.
Para o instituto Lula, o "único resultado da violência desencadeada" nesta sexta-feira pela Força Tarefa da Operação Lava Jato "é submeter o ex-presidente a um constrangimento público".
Em entrevista coletiva
Estão sendo apurados na Operação Aletheia, segundo a Polícia Federal, crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, dentre outros praticados por diversas pessoas no contexto do esquema criminosos revelado e relacionado à Petrobras.
A intenção da Polícia Federal e do Ministério Público Federal de enquadrar Lula havia ficado clara no fim de janeiro, quando foi deflagrada a 22ª fase da Operação Lava Jato, nomeada de Triplo X, uma referência ao triplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, que teria sido usados para repassar propina obtida em contratos com a Petrobras.
A família de Lula, segundo as investigações, seria proprietária oculta do imóvel, o que o Instituto Lula nega.
O PT, por meio de seu perfil oficial no Twitter, utilizou #LulaPresoPolítico e pediu reação aos militantes e seguidores. Houve confronto entre manifestantes pró e contra Lula na manhã desta sexta-feira em frente à casa do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.
Fonte: Carta Capital