O senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) disse em depoimento de delação que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tinha uma estreita relação com o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, e atuava para favorecê-lo em medidas provisórias no Congresso.
Em um resumo do depoimento, é usada a expressão "menino de recados" para definir o relacionamento de Cunha com Esteves, que deixou a presidência do banco depois de ser preso, em novembro. O banqueiro, diz o delator, frequentemente exercia influência para alterar por meio de emendas de medidas provisórias. "Esses canais passavam por Eduardo Cunha", afirmou Delcídio.
O senador citou como exemplo uma emenda que permitia o pagamento de dívidas com o governo mediante papéis de baixa liquidez, que acabou mais adiante vetada pela presidente Dilma Rousseff.
"A frequência com que passaram a ser apresentadas emendas a medidas provisórias constitui elemento que corrobora a percepção de que havia negócios escusos subjacentes a essa prática", diz o depoimento.
Esteves foi detido no mesmo dia de Delcídio, sob suspeita de financiar o pagamento de uma ajuda para a família do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Procurado, o BTG Pactual afirmou que as duas medidas provisórias mencionadas por Delcídio não beneficiaram a atividade específica do banco.
Esteves, por meio de sua assessoria, disse que a relação com o presidente da Câmara sempre foi "institucional e regular".
Fonte: Folha.