Com reajuste menores do que os índices da inflação, trabalhadores e trabalhadoras amargam queda de rendimentos enquanto enfrentam os maiores preços dos últimos 25 anos
Enquanto a inflação dispara – em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial, registrou a maior alta em 25 anos -, os salários encolhem e reduzem drasticamente o poder de compra dos trabalhadores e trabalhadoras, revela dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), e do Salariômetro, da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
De acordo com o estudo, publicado pela Folha de S. Paulo, pelo quarto mês seguido, mais da metade das negociações fechadas entre sindicatos e empresas nos acordos e convenções de categorias com data-base em abril resultaram em reajustes menores do que a inflação acumulada em um ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice usado como referência para essas negociações.
Em abril, o reajuste médio dos salários ficou em 5,6%, enquanto o INPC acumulado em 12 meses até março, foi de 6,9%.
De janeiro a abril, a variação real média ficou negativa em 0,57% e metade dos reajustes resultou em perdas iguais ou superiores a 0,18% para os trabalhadores, segundo o Dieese.
Somente 12,3% das negociações fechadas no período garantiram reajustes acima da inflação. Quase seis em dez (58,7%) terminaram com índices inferiores ao da inflação, ou seja, com perda no poder de compra.
O setor de serviços foi o que registrou o maior número de acordos com reajuste abaixo do INPC. No primeiro quadrimestre de 2020, 71,7% das negociações não chegaram a repor as perdas da inflação. Na indústria, o percentual foi de 46,8%, e de 35,9% no comércio, segundo o Dieese.
A escalada da inflação deve agravar ainda mais as condições para as negociações e coincide com um período de concentração de datas-base, que é o mês de maio, quando, no dia 1º, se comemora o Dia do Trabalhador., ainda segundo a reportagem
As categorias que estão em negociação precisarão de reajustes de pelo menos 7,59% para compensar o INPC acumulado em 12 meses até abril.
Em maio, o índice chegou a 8,9% – o índice apura a variação de preços e os pesos das despesas para famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, e é o mais usado nas negociações de reajuste.
Fonte: CUT