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“Para os trabalhadores pode ser um retrocesso"

""A economista e supervisora do Dieese na Bahia, Ana Georgina Dias, será palestrante no X Congresso Regional dos Bancários e fala nesta edição d’O Piquete sobre impeachement, dívida pública e corrupção. Confira.

Quais os impactos que podem ocorrer na economia caso haja o impeachment da presidente Dilma? Caso o impeachment aconteça, é preciso saber como o mesmo será recebido pelo mercado. Talvez, o mercado interno tenha uma percepção do impeachment diferente do mercado externo. No entanto, os impactos na economia real vão depender do tipo de política econômica que será adotado por um hipotético novo governo. Pelo documento “Uma Ponte para o Futuro”, lançado pelo PMDB em 2015, podemos perceber que muitas mudanças poderão ocorrer, especialmente na área trabalhista e previdenciária. Há também a proposta de uma presença maior da iniciativa privada, inclusive com venda de ativos estatais (privatização). Uma mudança significativa também ocorreria no Orçamento da União, especialmente com a avaliação e possível extinção de programas sociais. Isso pode ser entendido como positivo pelo mercado, especialmente se significar flexibilização dos direitos trabalhistas e desoneração do capital, o que para os trabalhadores pode ser um retrocesso gigantesco em termos de conquistas.

Qual a avaliação que a Sra. faz da manutenção da taxa elevada de juros e o aumento da dívida pública? Qual seria a saída para esse impasse? Este talvez seja um dos grandes problemas da política econômica em vigor desde o início do atual governo. A taxa de juros elevadíssima, atualmente em 14,25%, aumentou significativamente a dívida pública e inviabiliza ou torna mais onerosos os investimentos privados. Por exemplo, o gasto com juros da dívida aumentou quase 200 bilhões em 2015, em relação a 2014. Passando de 11% em setembro de 2014 para 14,25% em julho de 2015. O Governo gastou, no ano passado, cerca de 500 bilhões só com juros. Num momento de ajuste e corte de gastos, esse montante faz muita falta aos cofres do governo. Taxas de juros mais baixas permitiriam uma margem maior de recursos para investimentos que poderiam nos conduzir à retomada do crescimento econômico. A inflação, mesmo em queda, ainda está bastante elevada.

Quais os maiores prejuízos causados pela corrupção, sobretudo no que diz respeito às empresas estatais? Os prejuízos são vários e para toda a sociedade. É importante lembrar que a corrupção, infelizmente, não é um fenômeno novo no nosso país. O que há de novo e bastante positivo é a apuração e a punição de corruptos e corruptores. Seja numa empresa estatal ou numa empresa privada, a corrupção é uma das grandes responsáveis pela ineficácia de várias políticas e serviços prestados à sociedade. Não é apenas pelo dinheiro que vai pelo ralo e deixa de se tornar bons serviços, mas também pela produtividade, competitividade, crescimento econômico e desenvolvimento. É uma cultura, infelizmente,muito disseminada entre nós, desde utilizar aplicativos para burlar blitz e radares eletrônicos até o roubo de grandes fortunas dos cofres públicos, passando pelos péssimos serviços prestados pelas empresas privadas que vencem licitações sem ter capacidade de realizar com eficiência e competência o serviço para o qual foram contratadas. Talvez seja a grande âncora que nos mantém muito aquém de onde deveríamos estar.

Veja a entrevista completa no site, www.bancarios.com.br.

As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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