Grupo majoritário decide não responsabilizar autoridades do AM e, por isso, pode sofrer defecções na votação do relatório
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) e os membros do grupo majoritário da CPI da Covid decidiram incluir no relatório final da comissão um pedido de medida cautelar ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o presidente Jair Bolsonaro seja banido das redes sociais.
As mudanças no texto foram apresentadas à CPI na manhã desta terça-feira (26), data em que o colegiado deve votar o parecer final sobre a investigação
A comissão ainda deve votar um requerimento em separado para enviar a medida cautelar ao ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito das fake news.
Os membros do grupo majoritário decidiram acrescentar a proposta de indiciamentos de 10 novas pessoas por seus crimes durante a pandemia do novo coroanvírus. Com isso, o relatório final vai propor o indiciamento de 76 pessoas e duas empresas (Precisa Medicamentos e VTCLog.
Renan já havia dito que pediria a inclusão de pelo menos oito pessoas no relatório, que já estariam com nomes pacificados entre os senadores.
O pedido de exclusão de Bolsonaro das redes se dá após a declaração do presidente que associou a vacina contra a Covid-19 à Aids, em sua live semanal transmitida na última quinta-feira (21) .
O Facebook e o Instagram derrubaram o material, neste domingo (24), alegando que era contra suas políticas. Na noite desta segunda-feira (25), o YouTube também tirou do ar a live do presidente e suspendeu por uma semana o canal de Bolsonaro.
“Vou pôr em votação para que Bolsonaro seja excluído das redes, assim como aconteceu com o Trump [Donald, ex-presidente dos EUA]. Bolsonaro não muda, continua fazendo as mesmas coisas”, afirmou Renan à Folha.
Os membros do chamado G7, grupo majoritário da comissão, se reuniram na noite desta segunda-feira para acertar as últimas modificações no texto, de forma a chegarem unidos para a votação na última sessão de trabalhos.
Foram incluídos os nomes do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Helio Angotti Neto (sugestão de indiciar por incitação ao crime e epidemia com resultado morte); da servidora e fiscal contrato da vacina Covaxin, Regina Célia de Oliveira (advoca administrativa); do tenente-coronel Alex Lial Marinho (advocacia administrativa), ex-coordenador de logística da Saúde; do coronel Marcelo Bento Pires (advocacia administrativa), que teria feito pressão em favor da Covaxin; do coronel Hélcio Bruno (incitação ao crime), que teria intermediado a negociação de vacinas;
Renan também sugere indiciar, na nova versão de seu relatório, Heitor Freire de Abreu (epidemia com resultado morte), atualmente no Ministério da Defesa e ex-subchefe de Articulação e Monitoramento da Casa Civil; do empresário José Alves (epidemia com resultado morte), dono da Vitamedic; e de Antonio Jordão (epidemia com resultado morte), presidente da Associação Médicos pela Vida, do reverendo Amilton Gomes de Paula (tráfico de influência), que intermediou a venda de vacinas; e Thiago Fernandes da Costa (advocacia administrativa), servidor do Ministério da Saúde que atuou na elaboração do contrato da Covaxin e responde em ação de improbidade ao lado de empresa ligada à Precisa Medicamentos, como revelou a Folha.
A reunião, no entanto, não chegou a uma decisão consensual sobre a proposta de indiciamento do governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e do ex-secretário de saúde daquele estado Marcellus Campêlo.
A situação pode resultar em uma defecção na votação do relatório final, com o senador Eduardo Braga (MDB-AM) votando contra a aprovação do documento.
Ainda na noite desta segunda-feira, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Otto Alencar (PSD-BA) foram à casa de Braga, após o término da reunião para tentar explicar a situação e tentar convencê-lo a votar com o grupo majoritário.
Fonte: Folha de SP