A saúde da mulher negra brasileira, em especial durante a gravidez, é um pesadelo no país. Um levantamento da ONG Criola mostrou que as mortalidade de gravidas e puérperas negras pela Covid-19, desde o início da pandemia, em março de 2020, superaram em 78% os óbitos das mulheres brancas em todo o país.
Os dados revelam que a situação é mais grave na Região Norte, onde 87% das mortes são de mulheres negras. Na sequência aparece o Nordeste, com 71% óbitos. Na avaliação da entidade, essa é mais uma demonstração do racismo no Brasil.
“No caso da morte materna, ela poderia ter sido evitada. Historicamente elas já são mais atingidas e nesse período da pandemia o processo ampliou e até agora ele ainda continua forte”, aponta a coordenadora da ONG Criola, Lúcia Xavier, ao repórter Jô Miyagui, do Seu Jornal, da TVT.
Pesquisadora do centro de integração de dados e conhecimentos para saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Emanuelle Goes relata que o tratamento desigual entre brancas e negras é muito nítido nas consultas médicas.
“A altura uterina, a medição do tamanho da barriga e do tempo da gestação, a pressão arterial são menos aferidas. Então, a conduta profissional leva a menos tempo no consultório e a mais tempo esperando para ser atendida. E a gente vai montando um cenário que nos mostra essa desigualdade. E a única coisa que explica essa diferença entre mulheres negras e brancas é o racismo institucional”, observa.
A avaliação das especialistas é de que a pandemia contribuiu para o agravamento das mortes de grávidas e puérperas. Isso porque a vacinação demorou a chegar e não havia certeza sobre a segurança do imunizante nesse grupo. De acordo com elas, para combater essas diferenças é preciso assumir que o racismo existe e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte: CUT.