Nesta edição convidamos a presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivânia Pereira, para falar sobre a Campanha Salarial 2016 e igualdade de gênero. Confira.
Qual é a sua avaliação sobre as demandas apontadas na pauta de reivindicações entregue aos bancos no dia 9? Numa conjuntura econômica e política, com vários ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, a categoria bancária, assume protagonismo e aprova o Manifesto Nenhum Direito a Menos!, tendo como eixos centrais da Campanha 2016: reajuste de 14,78%, valorização do piso salarial, no valor do salário mínimo calculado pelo Dieese (R$ 3.940,24 em junho), PLR de três salários mais R$ 8.317,90, defesa do emprego, combate às metas abusivas e ao assédio moral, fim da terceirização, defesa das empresas públicas e contra a perda de direitos.
O índice de reajuste aprovado contempla as necessidades da categoria? Infelizmente não. Temos perdas acumuladas em média de 70% nos bancos públicos e com a inflação crescente, quando fechamos o acordo, quase não temos ganho real.
Quais são os principais desafios que a categoria vai enfrentar para conquistar os índices projetados na campanha? O cenário político de incertezas, onde os banqueiros controlam a economia e a política.
Durante a Conferência Nacional as mulheres bancárias expuseram uma nota de repúdio à violência contra a mulher. Qual a importância das pautas específicas de gênero, como o debate de paridade e igualdade para o fortalecimento do protagonismo das bancárias na Campanha Salarial? Para enfrentar o problema da desigualdade de gênero é essencial que os homens também conversem com outros homens na acepção de ser contra os valores machistas e ideias de posse sobre as mulheres, um dos elementos que ajudam a reproduzir a cultura da opressão contra a mulher. Nesse sentido, para que as desigualdades de gênero sejam combatidas no contexto das desigualdades sociais, é necessária a concretização da justiça de gênero. Isso deixa claro que o princípio da igualdade de salário, independentemente de raça ou cor, sexo, idade ou estado civil, assegurado pela CLT, está sendo desrespeitado e a justiça não se faz. A luta da mulher por espaços nos sindicatos é a sua própria batalha por afirmação na sociedade. Relegadas no passado ao papel de “dona de casa”, seu ingresso no mercado de trabalho é recente – considerando o tempo histórico –, daí as dificuldades para a construção da igualdade. É o que chamamos de machismo.
Existe no momento o avanço do conservadorismo na política do país. Qual a importância da organização das mulheres na luta diante da atual conjuntura?
Em relação à participação da mulher na política numa democracia segregada – que é machista, preconceituosa, racista e burguesa-, que quer manter a mulher no lugar que ela antes ocupava, percebemos o tamanho do retrocesso a que estamos submetidas. Nesse sentido, as mulheres brasileiras, destemidas e guerreiras, perceberam de pronto que as ruas são o único instrumento para garantir suas conquistas e reagir ao machismo reacionário.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.