O Dia da Mulher não é apenas uma data comemorativa: é fruto da luta histórica pela igualdade de direitos civis. A data homenageia as trabalhadoras russas que paralisaram fábricas, se mobilizaram nas ruas e iniciaram os movimentos que culminaram na Revolução Soviética. Por este motivo, em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o 8 de março como o Dia Internacional da Mulher.
Uma conjuntura desafiadora
A pandemia, aliada à crise política e econômica, tem aprofundado as desigualdades presentes na nossa sociedade. Neste cenário, as mulheres da classe trabalhadora têm sofrido com a ampliação da miséria, da fome, do desemprego e do feminicídio.
A taxa de desemprego entre o gênero feminino bateu recorde no ano passado, chegando a 16,8%, segundo o Dieese. O índice ainda é maior quando considerado o recorte para as mulheres negras: essa taxa foi de 19,8%, O número de mulheres desempregadas no nosso país já chega a 8,6 milhões. Quase 51 milhões de pessoas viveram abaixo da linha da pobreza nos últimos dois anos e mais de 10 milhões passam fome.
Já a pesquisa “Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher — 2021”, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, revelou que 68% das brasileiras conhecem uma ou mais mulheres vítimas de violência doméstica ou familiar, enquanto 27% declaram já ter sofrido algum tipo de agressão por um homem.
Mulher bancária
A participação das mulheres sempre foi fundamental para a luta da categoria bancária. O Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, por exemplo, se iniciou com a filiação de três bancárias à entidade. Estas vieram a ocupar cargos de representantes da diretoria logo nos primeiros momentos da fundação do SEEB/VCR.
A ampliação da participação organizada de mulheres fortaleceu o debate e obtenção de direitos. Conquistas que asseguraram à categoria auxílio-creche, extensão de licenças maternidade e paternidade e instrumentos de combate a assédios moral e sexual, por exemplo, evidenciam a relevância das discussões sobre questões de gênero na luta.
Contudo, ainda há muito a se reivindicar. No setor bancário, de forma geral, as mulheres ainda ganham menos que os homens e encontram mais dificuldades para seguirem a carreira, mesmo com mais preparo. Pesquisas apontam que as bancárias possuem maior escolarização, mesmo assim seguem ocupando menos postos de trabalho, preenchem cargos inferiores e são minoria na faixa de idade a partir de 40 anos.
“O 8 de março é sobretudo uma data política, onde as mulheres buscam visibilidade para as dificuldades enfrentadas diariamente. Na categoria bancária confrontamos com o assédio moral, a dificuldade de ascensão profissional, a perda da função nos casos de licença maternidade e situações diárias onde o machismo se faz presente, por parte de alguns colegas e até mesmo clientes. Não bastam flores e bombons nesta data se os homens não repensarem a sua forma de relacionamento com suas colegas de trabalho, companheiras e filhas. Merecemos respeito!”, considera Sarah Sodré, diretora Jurídica do Sindicato.