O Banco do Brasil (BB) registrou lucro líquido contábil de R$ 2,465 bilhões no segundo trimestre, com queda de 18% sobre segundo trimestre de 2015. No primeiro trimestre, o banco havia tido lucro contábil de R$ 2,359 bilhões.
O resultado ajustado, em que o banco inclui R$ 1,209 bilhão em provisões para créditos duvidosos adicionais, foi de R$ 1,801 bilhão no trimestre, queda de 40,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No primeiro trimestre, o resultado ajustado foi de R$ 1,286 bilhão.
A expectativa de analistas compilada pelo Valor era de um lucro ajustado de R$ 1,95 bilhão para o banco público no período, queda de 35,8%. No primeiro semestre, o lucro ajustado do banco caiu 49,1% ante igual período de 2015, para R$ 3,087 bilhões.
O BB encerrou o segundo trimestre com R$ 751,207 bilhões em sua carteira de crédito ampliada, que recuou 1,2% na comparação com junho de 2015 e 3,1% em relação a março deste calendário.
A queda se deveu, sobretudo, ao desempenho do crédito a empresas. O portfólio de pessoa jurídica do BB somava R$ 274,875 bilhões no fim de junho, com queda de 4,1% no trimestre e de 3,7% em 12 meses.
Também teve queda a carteira de operações externas, influenciada pela variação cambial. Nesse caso, o portfólio era de R$ 44,181 bilhões no fim do trimestre, com queda de 14,5% em três meses e de 24,9% em um ano.
O portfólio de pessoas físicas, por outro lado, teve desempenho positivo, fechando a primeira metade de 2016 em R$ 187,458 bilhões. A cifra representa alta de 1,2% em três meses e de 6,4% em relação a junho do ano passado. O financiamento a veículos foi a única modalidade que teve queda anual (-12%).
O desempenho do crédito ao agronegócio também foi positivo para o BB. A carteira desse segmento cresceu 9,7% em um ano, para R$ 183,553 bilhões no fim do segundo trimestre. Na comparação com março, a alta foi de 2,9%.
A carteira de crédito do BB gerencial, que considera as empresas controladas em conjunto — incluindo Banco Votorantim — somava R$ 767,769 bilhões no fim de junho. O montante encolheu 1,3% em 12 meses e 3,1% ao longo do trimestre.
A inadimplência no BB, representada por operações com mais de 90 dias de atraso, aumentou no segundo trimestre para 3,27% do saldo da carteira ampliada. Esse índice havia sido de 2,60% em março último e de 1,89% em junho do ano passado.
O banco informou que o índice de inadimplência teria ficado em 2,85% excluído o efeito de um “caso específico” de cliente empresarial do setor de óleo e gás. A instituição não revela o nome da empresa, mas analistas acreditam se tratar da Sete Brasil, em recuperação judicial.
No caso de calote entre 15 a 90 dias, o índice caiu de 2,24% nos três primeiros meses de 2016 para 1,64% no segundo. Um ano antes, estava em 1,47%.
Ainda no segundo trimestre, a margem financeira líquida foi de R$ 6,356 bilhões, redução de 12,5% em 12 meses. Ante o primeiro trimestre, porém, a margem cresceu 23,9%.
As despesas de provisão do banco caíram em relação aos três primeiros meses do ano. No segundo trimestre, o BB gastou R$ 8,277 bilhões com provisões para créditos duvidosos, com alta de 59,5% em 12 meses e queda de 9,5% no trimestre.
A margem bruta do banco, antes das provisões, subiu 17,5% ante o mesmo período do ano passado, para R$ 12,46 bilhões.
Rendas com tarifas
As rendas com tarifas do BB somaram R$ 6,063 bilhões entre abril e junho, com avanço de 12,8% na comparação com mesmo período de 2015. Ante o primeiro trimestre, houve incremento de 9,1%.
As principais linhas que contribuíram para esse resultado foram as receitas com contas correntes, que cresceram 22,6% na comparação anual, para R$ 1,534 bilhão, e as receitas com administração de fundos, que subiram 10,7%, para R$ 974 milhões.
As despesas administrativas do banco, que incluem os gastos com pessoal, foram de R$ 7,97 bilhões no segundo trimestre, com incremento de 2,7% ante um ano antes e aumento de 2,1% ante os três primeiros meses de 2016.
“O desempenho das despesas administrativas no semestre foi influenciado pelo Programa de Aposentadoria Incentivada, ocorrido no terceiro trimester de 2015, e pela redução de despesas com deslocamento a serviço, telecomunicação e transporte de valores”, informa o banco, no material que acompanha a divulgação de resultados.
No semestre, as despesas administrativas do banco aumentaram 2,6%, abaixo da expectativa para o ano, de avanço de 5% a 8%. O banco manteve essa estimativa. Já as rendas com tarifas aumentaram 7,6%, ante projeção de 7% a 11%.
Projeções revisadas
Ao apresentar seu balanço, o BB anunciou uma série de revisões em suas projeções (“guidances”) para 2016, incluindo um corte substancial na expectativa de desempenho da carteira de crédito para empresas. O banco revisou projeções de margem financeira, carteira de crédito total e de pessoa jurídica.
A instituição agora espera um crescimento da margem financeira bruta antes do desconto das despesas de provisão entre 11% a 15% para este ano. A expectativa anterior era de 7% a 11%. No primeiro semestre, o indicador avançou 15,6%.
Já para a carteira de crédito ampliada, que inclui avais e fianças, o banco espera uma oscilação que vai de queda de 2% a alta de 1%. Antes, a projeção era de crescimento de 3% a 6%. No primeiro semestre, o estoque cresceu 1,2%. Essas operações incluem apenas as operações de dentro do país, portanto exclui variação cambial.
A revisão da projeção para a carteira de crédito total foi puxada pela pessoa jurídica. Antes, o banco esperava crescer de 1% a 4% no crédito a empresas. Agora, espera uma queda de 10% a 6%. No semestre, houve queda de 5,4%. A projeção para pessoa física — crescimento de 5% a 8% — foi mantida, assim como a do agronegócio — 6% a 9%.
O BB manteve as demais projeções. Nos três primeiros meses de 2016, o banco havia revisado as expectativas de retorno sobre patrimônio líquido ajustado e de despesas de provisão, em percentual da carteira. No segundo trimestre, o retorno do banco (6,6%) ainda segue abaixo da banda prevista para o ano (9% a 12%).
Fonte: O Valor Econômico