Com metas abusivas, adoecimento entre os bancários vira epidemia, confirmam dados apresentados nesta segunda-feira (1º) pelo Comando Nacional dos Bancários para a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), durante a Campanha Nacional Unificada.
De acordo com o levantamento apresentado na mesa realizada nesta segunda cujo tema foi “Saúde e Condições de Trabalho”, os bancos são responsáveis por menos de 1% do estoque de empregos e 3% do total de afastamentos por doenças. Os representantes das instituições finaneiras se comprometeram a avaliar a pauta dos trabalhadores.
“Apresentamos números de afastamentos alarmantes na categoria, consequência de um cotidiano exaustivo de trabalho, com o enfrentamento de metas abusivas e assédio moral”, destacou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional, que representa a categoria na mesa com a Fenaban.
“Casos como as denuncias de assédio sexual e moral na Caixa Econômica, pelo ex-presidente, Pedro Guimarães e sua gestão, não estão isolados”, acrecentou Ivone.
“Sabemos que o alto índice de adoecimento está relacionado a uma pressão abusiva por cumprimento de metas. Nos últimos cinco anos, o número de afastamentos nos bancos aumentou 26,2%, enquanto no geral a variação foi de 15,4%, ou seja, entre os bancários a variação foi 1,7 vezes maior. Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil”, afirmou a dirigente.
Recentemente, o banco Santander foi condenado a pagar R$ 275 milhões de indenização por cobrança de metas abusivas, em uma ação coletiva movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) com base em estudos embasados em diversos dados, pesquisas e entrevistas com trabalhadores da categoria. Na decisão, a Justiça proibiu o banco de continuar a exercer tais práticas.
INSS
Mais de 20 mil bancários (20.669) foram afastados em 2020, de acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em todo o país, um crescimento de 26,2% em relação a 2015, com 16.375 afastamentos.
Considerando apenas os afastamentos acidentários, os transtornos mentais e comportamentais (como stress, depressão, síndrome do pânico) corresponderam a 55% em 2021, em 2012 este volume era de 30% do total. Os afastamentos por LER/Dort passaram 40% em 2012 para 23% em 2021.
“Os bancos começaram a reunião dizendo que as metas não geram adoecimento, que o adoecimento mental não é um problema dos bancários. Mas nós provamos que o adoecimento mental dos bancários é maior que em outras categorias”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
“Para fechar a campanha é preciso avançar no combate ao assédio moral”, completou Juvandia, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
Fonte: CUT