A categoria está acompanhando um processo de reestruturação que está começando a ser colocado em prática no setor bancário, a exemplo do Banco do Brasil. Para falar sobre este assunto e sobre a mobilização dos trabalhadores, conversamos com o presidente da Contraf, Roberto Antonio Von der Osten.
Como o Sr. vê as reestruturações propostas pelos bancos, sobretudo a do Banco do Brasil, que já anunciou o fechamento de agências em todo o país? É o desmonte da maior instituição financeira pública do país. A economia brasileira passa por um momento grave, com forte retração da atividade econômica, elevação do desemprego e queda na renda das famílias. Essa medida aprofunda a recessão, já que enfraquece o mercado interno e a infraestrutura social e econômica que nos fizeram avançar na última década.
O Sr. considera que essa medida de reestruturação é o início de um projeto maior de privatização do Banco do Brasil? É uma clara demonstração do interesse do governo Temer em fragilizar mais uma empresa pública, a exemplo do que vem sinalizando com a Caixa e do que já está fazendo com a Petrobras. O BB é responsável, por exemplo, por cerca de 60% do crédito agrícola no país. Esse desmonte só interessa aos bancos privados, que não terão concorrência. Num sistema financeiro extremamente concentrado e sem os bancos públicos fortes, toda a sociedade perde.
Quais os riscos que outros bancos públicos, como a Caixa e o BNB, correm com a reestruturação? As medidas anunciadas vão na contramão do papel que os bancos públicos vinham desempenhando, nos últimos anos, de fomento ao desenvolvimento social e econômico do Brasil. É a volta da política de privatizações, que fracassou na década de 1990.
Quais são as maiores consequências para os trabalhadores e para a sociedade caso essas reestruturações realmente sejam efetivadas? O fechamento de centros de serviços e de centenas de agências vão prejudicar muito os bancários e estes precisam de atenção. O banco precisa respeitar mais os seus funcionários e pode começar abrindo um canal de negociação efetiva quanto aos impactos das medidas anunciadas. A sociedade também será diretamente afetada, com a diminuição dos pontos de atendimentos, aumento das filas e do tempo de espera. A medida também terá impacto no acesso ao crédito. Os públicos aumentaram o crédito de 38% para 57% de 2008 para 2016, enquanto os privados tiveram redução de 5% nos últimos dois anos.
Como a Contraf está se mobilizando nacionalmente contra esses ataques? A Contraf-CUT cobrou garantias de praça e de remuneração para os funcionários que tiveram cargos e funções cortadas, bem como a todos que ficarão de excedentes em cada agência, devido ao plano de reestruturação anunciado pelo Banco do Brasil. Uma nova rodada de negociação será realizada no dia 1º de dezembro, na sede do BB, em Brasília.
Quais devem ser as próximas ações dos trabalhadores na luta por garantias de direitos? A Contraf-CUT orienta a todos os sindicatos a fazerem reuniões nos locais de trabalho buscando informações e dando orientações aos funcionários, preparando atividades de mobilização locais e as que serão orientadas nacionalmente.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.