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Nasce o sol a 2 de julho

Por Benjamin Nunes Pereira

Neste domingo, 2 de julho de 2023, a população baiana irá comemorar uma data significativa de grande importância que é o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia, que tem uma conotação considerável para o país, pois somente com a expulsão dos portugueses na Bahia é que o Brasil se tornou independente, o Hino ao 2 de julho, de autores: Letra de Ladislau dos Santos Titara e a música composta por José dos Santos Barreto no seu primeiro verso diz: Nasce o sol a 2 de julho/Brilha mais que no primeiro/É sinal que neste dia/Até o sol, até o sol é brasileiro.

A cidade do Salvador e todo o recôncavo festejam e homenageiam o dia 2 de Julho. É preciso que o interior se junte à capital e ao recôncavo para também comemorar esta data que é bastante significativa para um povo que tem todo o direito de celebrar.

Não tive o prazer de ler, mas o Professor Doutor Argemiro Ribeiro de Souza Filho, mestre muito dedicado e inteligente, que leciona em Conquista, em sua dissertação de mestrado faz referência da contribuição dos baianos interioranos, inclusive de Vitória da Conquista, na Independência da Bahia.

Pode-se afirmar que a data se traduz como um fato histórico de grande relevância para a Bahia e uma das mais importantes para a Nação, já que, mesmo com a declaração de independência do Brasil, o País ainda tinha a necessidade de se livrar das tropas portuguesas que continuavam entre nós em algumas províncias.

Em fevereiro de 1822, estourou na Bahia a guerra da Independência do Brasil. Sete meses depois, vendo que as lutas progrediam, Dom Pedro tomou a decisão de se pôr à frente do processo popular que acontecia nas terras baianas; combatentes de Pernambuco e outras regiões do Nordeste fizeram tudo para expulsar os portugueses.

Um fato curioso que merece ser narrado aconteceu no dia 08 de novembro de 1822, quase oito meses da Independência da Bahia, foi a Batalha de Pirajá, uma luta que dizimou mais ou menos duzentas pessoas entre portugueses e brasileiros, e o êxito brasileiro ocorreu após um episódio interessante da história. O corneteiro Luiz Lopes salvando o Exército Brasileiro com um toque de “avançar a cavalaria, e sucessivamente à degola”, ao contrário do toque de retirada ordenado pelo Tenente Coronel Barros Falcão, assustando os portugueses e dando a vitória aos brasileiros.

A Bahia foi o último foco da Independência. O significado de 7 de Setembro de 1822 só foi realmente concretizado no 2 de Julho de 1823 na Bahia, quando da indignação dos brasileiros em continuar sob o domínio de Portugal. A insatisfação contra a Junta Provisória do Governo da Bahia era geral. No Recôncavo, principalmente as cidades de Cachoeira, São Felix entre outras, por meio do Coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao General Pedro Labatut, que organizou todo seu exército em duas brigadas, iniciando os combates. Sob o comando geral do Cel. José Joaquim de Lima e Silva e com a força da Marinha Brasileira, os brasileiros avançaram sobre a cidade e o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, à frente das tropas portuguesas, se rendeu. O Exército Brasileiro consolidou o fim da ocupação portuguesa no Brasil.

Essa luta foi com a grande participação social. Tendo à frente personalidades heroicas famosas que viviam no anonimato e que morreram, como: João das Botas, Visconde de Pirajá, entre outros, e mulheres no front, como Maria Quitéria de Jesus Medeiros, mulher corajosa, que sabia montar, atirar, caçar e plantar, tomando conhecimento da guerra na Bahia, se comoveu e decidiu lutar, solicitando do cunhado as roupas masculinas e se alistando como Soldado Medeiros, na defesa da Barra de Paraguaçu, em apoio ao batalhão de voluntários do Príncipe e lutou em defesa do Brasil. A abadessa Joana Angélica, na época estava com 60 anos, morreu recebendo golpes de baionetas dos soldados portugueses, ela que tentava impedir a entrada das tropas portuguesas no Convento da Lapa, onde havia alguns soldados brasileiros, a sua morte provocou a revolta dos brasileiros. Maria Felipa, uma negra heroína da Bahia, natural de Itaparica, mulher de coragem, beleza por porte físico exuberante, habilidade de capoeirista e trabalhadora marisqueira, liderou um grupo de mulheres que participaram da defesa da Ilha de Itaparica, lutando lado a lado com os soldados e outros guerreiros, inclusive pescadores e pequenos proprietários de roças e sítios, sendo que Maria Felipa, ainda não foi devidamente reconhecida na história da Independência da Bahia.

Devido a sua importância, sobretudo para os baianos, todos os anos a Bahia festeja a data máxima que é o 2 de Julho. Tropas militares relembram a entrada do Exército na cidade e uma série de homenagens são feitas aos combatentes. Destaca-se que entre as comemorações que já aconteceram, a do ano de 1849 marcou presença de um convidado bastante especial, o General Pedro Labatut, que liderou as tropas brasileiras nas primeiras ofensivas ao Exército Português, participou do desfile, já bastante debilitado e sem recursos financeiros, mas com a felicidade de prestar uma grande homenagem às tropas das quais fez parte na época.

Em suma, o Dois de Julho deve ser entendido como a verdadeira Independência do Brasil do jugo português e deve ser resgatado e valorizado como um importante marco na história, não só da Bahia, mas do Brasil, principalmente nesta data magna do seu Bicentenário da Independência da Bahia.

*Benjamin Nunes Pereira é membro da Academia Conquistense de Letras e Casa da Cultura, Licenciado em História pela UESB de Vitória da Conquista Bahia. Com Pós-Graduação em Antropologia com ênfase na cultura afro-brasileira pela UESB e Pós-Graduação em Programação e Orçamento Público pela UFBA.

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