Nova cepa está causando surto no Ceará e há preocupação com aumento da transmissão neste fim de ano e férias; vacina previne contra formas graves da doença
Quase um ano após o início da aplicação no Brasil, a vacina bivalente contra a Covid ainda tem baixa procura.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, a cobertura nacional estagnou em 17%. As maiores taxas de vacinação estão registradas no estado de São Paulo, com 23%, seguido pelo Distrito Federal e Piauí, ambos com 20%. Por outro lado, Pará, Mato Grosso do Sul e Alagoas têm apenas 11% da população imunizada.
Atualmente, no país, a vacina bivalente é aplicada em todos os adultos acima de 18 anos e em adolescentes acima de 12 anos imunocomprometidos, que são considerados grupos de risco. Ela só pode ser tomada por quem recebeu pelo menos duas doses da monovalente há pelo menos seis meses.
Mesmo com o fim da emergência sanitária declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Covid ainda mata, principalmente as pessoas mais suscetíveis.
As novas cepas continuam surgindo, e há muitas variantes de preocupação ou em monitoramento com o potencial de desencadear novos surtos.
Uma delas, em particular, a JN.1, está se espalhando pela Europa e já causou um surto no Ceará desde que foi detectada pela primeira vez no país no mês passado.
Embora a OMS afirme que essa cepa apresenta baixo risco para a saúde global, no Ceará os casos vêm aumentando desde a segunda quinzena de novembro, e 80% das amostras sequenciadas correspondem a essa variante.
Diante desse cenário, o Ministério da Saúde estabeleceu um reforço da vacina bivalente para pessoas com mais de 60 anos e para imunocomprometidos com mais de 12 anos que tenham recebido a última dose há mais de seis meses.
Segundo a pasta, mesmo que a Covid não apresente um comportamento sazonal, há preocupação com as festas de fim de ano e férias, períodos de grande mobilidade e aglomerações que, em anos anteriores, resultaram em ondas da doença no início do ano seguinte.
Para os especialistas, vários fatores estão por trás da baixa procura. “Com a queda do número de óbitos, as pessoas estão menos preocupadas”, observa a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Também falta divulgação”, opina a especialista. A vacina não evita a doença, mas continua efetiva na prevenção das formas graves.
BIVALENTE FARÁ PARTE DO CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO
Em 2024, a vacina bivalente será incluída no calendário nacional de vacinação para crianças com idade acima de seis meses e menores de cinco anos. Nessa faixa etária, o esquema de vacinação contará com três doses. Aqueles que já receberam as vacinas em 2023 não precisarão repeti-las.
Além desse público, a vacina também será destinada a grupos de risco, que incluem: idosos, imunocomprometidos, gestantes e puérperas, trabalhadores de saúde, indígenas, ribeirinhos e quilombolas, pessoas com deficiência permanente, pessoas em situação de rua, pessoas privadas de liberdade e jovens cumprindo medidas socioeducativas, além de pessoas que vivem em instituições de longa permanência e seus trabalhadores.
Neste ano, até 25 de novembro, o Brasil registrou 1.747.130 casos e 13.936 mortes pela Covid.
O QUE FAZER EM CASO DE SINTOMAS GRIPAIS?
• Manter o isolamento e usar máscara em casa e no trabalho, evitando ao máximo contato com pessoas de risco
• Procurar deixar os ambientes bem ventilados e adotar medidas de limpeza, principalmente das superfícies mais tocadas (como maçanetas, mesa, interruptor etc.)
• Lavar as mãos com água e sabonete se estiverem visivelmente sujas ou o uso de álcool gel quando não apresentam sujidade
• Aplicar a etiqueta respiratória, ou seja, cobrir a tosse ou o espirro com lenço descartável ou o dorso dos braços se não estiver utilizando máscara num ambiente em que mais pessoas estejam presentes
• Buscar atendimento médico e fazer o teste no segundo dia de sintomas. Se o resultado for negativo, considerar repetir no quarto ou quinto dia
QUAL A RECOMENDAÇÃO SE TESTAR POSITIVO PARA COVID-19?
• Manter isolamento domiciliar por 7 dias, com possibilidade de redução para 5 dias se estiver sem febre nas últimas 24 horas e testar negativo ao final do 5º dia
• Monitorar os sinais de agravamento e procurar um serviço de saúde em caso de piora
• Usar máscara até completar dez dias após o início dos sintomas
• Idosos e imunocomprometidos devem procurar uma unidade de saúde para receber antiviral
Fonte: Folha de São Paulo