Eduardo Navarro é dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.
Nesta edição do Piquete Bancário você confere uma entrevista com o dirigente executivo da CTB, sobre o momento político e social vivenciado hoje pelos brasileiros.
As ações do governo neste novo mandato da presidente Dilma refletem uma postura diferente daquela apresentada na campanha para a eleição presidencial. Qual a avaliação que o senhor faz deste momento político que estamos vivenciando?
Estamos vivendo o prolongamento das eleições de 2014, quando as forças que saíram derrotadas, não aceitam o resultado expresso nas urnas. São diversas tentativas de desestabilização do governo e do país. As ações do governo são, em certa medida, por um lado, para estabilizar a democracia, e por outro, para estabilizar a economia. Precisamos lembrar que continuamos com a crise do capitalismo, que começou nos países centrais e agora se expande para os países da periferia.
Muitas promessas foram feitas durante a campanha, inclusive no que diz respeito à proteção dos direitos trabalhistas e na valorização dos bancos públicos. Grande parte dos sindicatos se manifestou favorável à reeleição da presidente Dilma, porém, o descontentamento da classe trabalhadora hoje é inegável. Como fica o movimento sindical diante deste cenário? As mobilizações ainda podem ser consideradas tímidas?
Não tenho clareza de que a classe trabalhadora como um todo está descontente. Há insatisfação entre seguimentos da sociedade, porém, estas são geradas por uma forte campanha de mídia na tentativa de desestabilizar o governo Dilma. Por outro lado, parcelas da sociedade já se mobilizam para se contrapor às tentativas de golpe. Precisamos identificar o que é melhor para os trabalhadores, quais os caminhos a seguir neste cenário de crise na economia internacional e que pode trazer agravamento para nossa economia, inclusive desemprego.
Em relação às MPs 664 e 665, quais são os prejuízos para o trabalhador? Deve haver uma pressão maior da classe trabalhadora para que essas medidas sejam revistas?
Claro, os trabalhadores não podem pagar pelos ajustes macroeconômicos. Temos afirmado que há outras formas para os ajustes necessários, como por exemplo, taxação das grandes fortunas. A pressão popular deve ser constante em um governo em disputa. Se não pressionarmos, o outro lado – que tem muito mais instrumentos de pressão – ganha a disputa e leva o governo a atender suas reivindicações.
O que o senhor acha da escolha de Dilma Rousseff, ao colocar o ex-presidente do BB, Aldemir Bendine, na presidência da Petrobras?
Penso que o raciocínio que o governo adotou para a definição do nome dele foi que nossa maior estatal (ao lado do BB e da CEF) está sobre fogo cerrado há mais de um ano e que esta ação midiática trouxe problemas de gestão da empresa, então era necessário fazer uma substituição do nome por alguém que pudesse alavancar a Petrobras.
O senhor considera a abertura do capital da CEF um avanço ou um retrocesso?
Abertura de capital de forma alguma. A CEF, assim como o BB, fazem parte do patrimônio brasileiro, ou seja, são elos fundamentais para nosso desenvolvimento. Penso que, ao contrário, precisamos de mais empresas públicas que atuem no sentido de financiar o crescimento do Brasil.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.