Sobre a Cassi, conversamos com o Diretor de Planos de Saúde e Relacionamento com Clientes, Humberto Almeida. Ele falou do déficit da Caixa de Assistência e sua proposta de gestão.
Qual é a atual situação da Cassi? Bom, a situação da Cassi é muito grave porque vem acumulando, ao longo de décadas, um déficit operacional por conta do seu modelo de custeio. Infelizmente, no ano passando não se chegou num bom termo com o banco. Mas, creio que o desafio é ainda neste semestre resgatar uma mesa de negociação junto com o Banco do Brasil para que possamos resolver o problema do déficit o quanto antes. Sem resolvê-lo, muitas outras ações são impossíveis de se realizar. A Cassi fechou com um déficit operacional de R$ 108 milhões em 2014. Esse déficit, no ano passado, já estava na casa dos R$ 233 milhões. Isso é algo que preocupa a gestão e, principalmente, o associado. Para o associado, hoje, a Cassi é a sua principal entidade diante de uma realidade de crise que vive o país e diante de um mercado de saúde totalmente desregulado, em que os insumos médicos e hospitalares são elevados e não acompanha os reajustes no plano de saúde.
Sobre a situação deficitária da Cassi, qual a perspectiva que você apresenta e o que você vê de desafio nessa gestão? O primeiro desafio é a gente buscar um bom termo para resolver o problema do déficit. O segundo desafio é que as diretorias, tanto as indicadas pelo banco – a Presidência e a diretoria Financeira, quanto as duas eleitas – a de saúde e a que ocupo, que elas façam uma gestão em sincronia, ou seja, uma vai depender da outra. Depende da governança ter um projeto que o resultado final seja a melhoria da assistência ao associado, melhoria no atendimento e nos termos uma estrutura capaz de atingir também as regiões do interior que atualmente estão desassistidas.
Qual a perspectiva de atuação desta gestão para os bancários de nossa base? Bom, eu entendo que nesse primeiro momento a gente tem que fazer o dever de casa. Logo no início de junho rediscutir todos os processos internos, ver a questão que envolve a negociação, a regulação, o autorizado, que é o 0800, para que a gente possa impactar súmulas e procedimentos que estão parados, autorizações que estão também estagnadas. Através dessa mudança que a gente quer apresentar junto com a gestão técnica um resultado satisfatório, e ter também uma interlocução com as demais diretorias para a gente tentar solucionar a questão central que envolve hoje o atendimento aos associados. Tanto quem mora nas capitais, quanto as pessoas que moram no interior dos estados, têm carência de especialidades médicas, de maternidades e pediatria a nível nacional. Mas, eu entendo que fundamentalmente tenho que estruturar a Cassi para que ela possa encarar os futuros desafios com capacidade de negociar com o prestador e ao mesmo tempo tenho que apresentar esse resultado para o banco, porque da mesma maneira que o banco espera muito de uma nova gestão, a gente vai esperar do BB também um comprometimento de uma gestão técnica, que possa melhorar os processos internos de uma má gestão.
Como você avalia a relação do adoecimento da categoria bancária e o custeio da caixa de assistência? Eu entendo esse modelo de atenção primaria, ou seja, o modelo sanitarista que a gente defende desde a 8ª Conferência de Saúde promovida pelo SUS, como fundamental que seja ampliada e estruturada. Mas, eu entendo que neste momento a primeira coisa que precisamos fazer é cobrir o déficit da Cassi, para em seguida discutir a ampliação da estratégia da assistência família para que o bancário de hoje, que trabalha de seis a oito horas, tenha acesso mais fácil a esse modelo. Se a Cassi não tem condições, hoje, de atender aqueles funcionários que às vezes buscam a atenção primária, que essa atenção vá até o ambiente do bancário. Até porque hoje a gente vive um processo de muita reestruturação no Banco do Brasil e as reestruturações de um modelo mercadológico em que o BB tem desafiado o mercado, faz com que haja um maior número de pessoas adoecidas em função das metas abusivas. A Cassi hoje precisa de um sistema que possa monitorar esse adoecimento, até porque os adoecimentos causados pelo banco são de responsabilidade do BB, e entendo que seja necessário que essa responsabilização seja encaminhada em uma conta para o banco, pois são causados pelas más condições de trabalho. Fazer a atenção primária é ter uma olhar e um modelo tecnológico que possibilite em tempo real e ter informações para apresentar ao banco, mas, sobretudo ter um projeto de promoção prevenção de adoecimentos. Haja vista que a população mais jovem tem adoecido muito rapidamente.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.