Dando continuidade à nossa rodada de entrevistas com representantes dos movimentos sindicais do país, conversamos com Carlos Cordeiro, presidente da Contraf, sobre as perspectivas para o próximo mandato da presidente Dilma Rousseff.
O que a Contraf e a classe trabalhadora pode esperar do novo mandato da presidente Dilma Rousseff?
Esperamos que não tenha retrocesso, que haja avanços na pauta dos trabalhadores, que seja ampliada a política de desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda. E que, como disse a própria presidenta durante a campanha, não haja perda de direitos dos trabalhadores “nem que a vaca tussa”.
Como você enxerga o papel dos bancos públicos diante da conjuntura econômica atual?
Nunca ficou tão claro para a sociedade brasileira a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico e social do país quanto na crise financeira eclodida em 2008, provocada pela irresponsabilidade e ausência de controle do sistema financeiro. Por orientação do então governo Lula, os bancos públicos ampliaram a oferta de crédito e ajudaram a baixar o spread num momento em que os bancos privados fecharam as torneiras. Foi isso que manteve a economia brasileira crescendo e gerando emprego e renda, atenuando os impactos da crise internacional. Nesse movimento, a participação dos bancos públicos nas operações de crédito no Brasil saltaram de 36% para 51% do sistema financeiro. É dever do movimento sindical bancário lutar com todas as forças para fortalecer cada vez mais os bancos públicos, para que possam desempenhar o papel insubstituível de fomentadores do desenvolvimento econômico e social do Brasil.
O fim do fator previdenciário é uma questão que gera expectativa entre os trabalhadores. Quais são as outras pautas que requerem uma atenção imediata do Governo?
O fim do fator previdenciário é um ponto importantíssimo. É preciso acabar com essas distorções e injustiças. Mas conquistar o fim do fator previdenciário vai depender da nossa capacidade de mobilização. Isso vale também para as outras pautas urgentes dos trabalhadores, como a geração de emprego, o reconhecimento da Convenção 158 da OIT que limita demissões e a rotatividade, enterrar definitivamente o PL 4330 que amplia a terceirização.
Como os trabalhadores devem se organizar para que essas pautas sejam finalmente definidas?
O papel do movimento sindical, não importa em que governo seja, é o de lutar incessantemente, sem fazer concessões, aos interesses da classe trabalhadora. Governo é igual feijão, só funciona na pressão. As forças conservadoras derrotadas nas eleições de outubro estão na ofensiva para impor a sua agenda neoliberal ao segundo governo Dilma Rousseff. As centrais sindicais precisam manter a unidade e ampliarem a mobilização para enfrentar a ofensiva da direita e não apenas manter, mas aprofundar as conquistas dos trabalhadores. Não há conquista sem mobilização, que é fundamental não apenas para garantir seus direitos como para assegurar a própria democracia.