O Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se reuniram nesta quarta-feira (26/2), para a primeira rodada da negociação sobre Assédio Moral, Sexual e Outras Formas de Violência no Trabalho Bancário. Esta foi mais uma conquista importante da campanha salarial da categoria em 2024.
Durante o encontro, o Comando fez uma série de reivindicações como acesso aos dados estatísticos dos canais de apoio e canais de denúncias contra assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente laboral, com número de atendimentos, apurações e resoluções; cronograma de implementação de canais nos bancos que ainda não instauraram esses mecanismos; além de exigir que os canais sejam estruturados para garantir atendimento humanizado, com proteção às vítimas e aos denunciantes, para que não sofram qualquer tipo de retaliação.
Os representantes dos bancários reforçaram também a ligação direta entre a cobrança de metas, o assédio e o adoecimento dos trabalhadores. “O assédio tem sido a principal causa de adoecimento da nossa categoria e nem os mais jovens têm escapado dessa estatística, portanto precisa ser repudiado e tratado com a devida seriedade. Solicitamos que os bancos se comprometam com seus próprios manuais e canais de denúncia, eles precisam passar confiança para os denunciantes o que atualmente não ocorre! Só dessa forma será possível proteger a vítima e combater essa prática abominável”, ressaltou a diretora da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe Luciana Dória, que participou da reunião.
O diretor do Sindicato da Bahia Amarildo Menezes também participou da mesa e cobrou propostas dos bancos. “O número de afastamentos pelo INSS, por doenças psíquicas é alarmante. Então, hoje precisamos sair com algo concreto nessa negociação para coibir de uma vez por todas o assédio moral em suas diversas modalidades”, destacou.
Respostas da Fenaban
Em resposta ao Comando Nacional, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, disse que “qualquer tipo de assédio e violência não pode ser tolerado”, que “a meta dos bancos não é somente reduzir, mas banir” essas ações, que “nenhuma pessoa pode ser submetida a qualquer tipo de abuso” e que situações de assédio e violência “não podem ficar somente entre as paredes de uma empresa”.
A entidade apresentou dados em resposta à reinvindicação dos trabalhares sobre o balanço dos atendimentos dos canais de combate ao assédio e de apoio às vítimas.
Ao longo de 2024, os canais receberam o total de 8.431 denúncias, sendo 2.196 de assédio moral (26%), 476 de assédio sexual (5,6%) e 5.759 de outras formas de violência (agressão física, brincadeiras inadequadas, comunicação violenta, conflito de interesses, constrangimento, discriminação, desrespeito, intimidação, retaliação, descumprimento de normas internas, conluio, má índole/ desvio de caráter/ má-fé), o que corresponde a 68,4% do total de denúncias.
O tempo entre o recebimento da denúncia até resolução do caso varia, sendo 68,9% em menos de 45 dias e 31,1 após de 45 dias. Sobre os casos que demandaram mais de 45 dias, a Fenaban destacou que, entre os fatores, estão dados insuficientes logo no início da denúncia, por isso mais dias foram tomados para entender esses casos, além da complexidade.
Como consequências dos casos denunciados: 19,3% resultaram em desligamentos, 29,1% em medida disciplinar, 0,4% em descomissionamento, 50,4% em reorientação, 0,4% em revisão da política e 05% estão pendentes de definição quanto à medida.
Ainda, segundo a Fenaban, 100% dos bancos estão com os canais, entretanto, não foram feitos canais separados, ou seja, todos eles recebem casos de assédio moral, assédio sexual e outras formas de violência.
Na CCT de 2024, os bancários também conseguiram o compromisso dos bancos de declarações de repúdio. Segundo a Fenaban, 89% já fizeram declarações públicas de repúdio a violência os outros 11% prometem realizar esse passo ainda neste ano.
A Fenaban anunciou ainda que 82% dos bancos produziram materiais para informar e orientar os trabalhadores sobre atitudes que podem ser tomadas diante de assédios e outras formas de violência no ambiente laboral.
Avaliação das respostas pelos trabalhadores
Após analisar as devolutivas da Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários reforçou o pedido aos bancos por garantia de sigilo e segurança aos funcionários vítimas e/ou que fazem as denúncias; que os bancos definam melhor o conjunto de ações que são consideradas como “outras formas de violência”; separação de dados sobre assédio dos dados de “outras formas de violência”; tratar também como violência a pressão por resultados e metas, a mudança de metas a todo o momento, descomissionamento por não atingir os resultados e entre outras questões relacionadas ao tema; aprofundar as campanhas de combate contra assédios e demais violências, assim como orientações sobre o tema, de forma mais enfática; lista dos canais por bancos; definição da periodicidade de divulgação dos dados sobre os canais, além de participação de representantes do movimento sindical na Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), evento obrigatório às empresas no Brasil, com objetivo é conscientizar os funcionários sobre a importância da prevenção de acidentes e doenças no trabalho.
Fonte:FEEB/BA-SE.